Ou seja, quanto mais se cortasse as taxas de juro e se injetasse liquidez, menos impacto positivo haveria para a economia.

Mais de dez anos depois, as taxas de juro estão muito baixas em quase todo o mundo e em mínimos históricos na Zona Euro. Na UEM, os níveis de liquidez considerada excedentária mantêm-se perto dos 2 biliões de euros há mais de um ano e a maior parte da dívida soberana tem rendimentos negativos. Não há espaço para fazer muito mais.

Perante os sinais de desaceleração económica global e a consciência de que a política monetária perdeu margem de manobra, tem-se notado, e sobretudo mais à esquerda, o reavivar do interesse pela “Modern Monetary Theory”. A MMT defende que que em países verdadeiramente soberanos em termos de emissão de moeda – como os EUA, Reino Unido, Canadá, Japão e, até certo ponto, a Zona Euro – os gastos públicos não têm de estar sujeitos à restrição da receita fiscal. Pelo contrário, pode e deve-se simplesmente emitir moeda e monetizar a dívida. Fala-se cada vez mais na coordenação entre políticas fiscal e monetária para entregar dinheiro diretamente aos agentes económicos, com o objetivo de incentivar a economia.

A ideia tem muitos riscos associados. Os mais importantes são o desvirtuar dos mecanismos de alocação de capital e dos incentivos da criação de riqueza ao mesmo tempo que se coloca em risco a credibilidade da moeda como reserva de valor, o que potencialmente poderá causar a sua destruição.