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Trabalhadores da Cabo Verde Airlines estão “sem salário meses a fio”, denuncia sindicato

“Aqueles que se encontram em situação de lay off vêm recebendo apenas os 35% pagos pelo INPS, o que não permite a ninguém organizar a sua vida familiar e fazer face aos seus compromissos”, alerta a presidente SINTCAP de Cabo Verde.
1 Outubro 2020, 16h37

A presidente do Sindicato dos Transportes, Comunicações e Administração Pública (SINTCAP), na ilha cabo-verdiana do Sal, denunciou esta quinta-feira a situação dos trabalhadores da companhia aérea Cabo Verde Airlines (CVA), que não recebem salário há “meses a fio”.

Maria de Brito fez essa denúncia durante uma conferência de imprensa na qual acusou também o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva de “estar a fugir” às suas responsabilidades.

“Não pode agora o Governo fugir às suas responsabilidades, nem permitir que os trabalhadores sejam abandonados e humilhados desta forma, não sabendo, sequer até quando se manterão sem salário e sem perspetivas de melhoria de situação”, desaprovou, exigindo diligências por parte do executivo junto da administração da empresa, no sentido de pagar os salários dos trabalhadores.

“Ou que encontre, juntamente com o INPS, alguma solução que permita a todos os trabalhadores receberem, pelo menos, o total da percentagem paga aos trabalhadores em situação de lay off, e ajude aqueles, que sem rendimentos anteriores, queiram e precisam regressar à cidade da Praia onde muitos têm casa própria e parte da sua família”, alvitrou.

Segundo Maria de Brito, há três meses que boa parte dos trabalhadores da Cabo Verde Airlines vê-se sem salário, enfrentando, por causa disso, várias privações, e incapacidade para fazer face aos seus compromissos.

“Aqueles que se encontram em situação de lay off vêm recebendo apenas os 35% pagos pelo INPS, o que não permite a ninguém organizar a sua vida familiar e fazer face aos seus compromissos”, aclarou.

A sindicalista conta ainda, que em situação “muito mais difícil” encontra-se um grupo maior que não vê a cor do seu salário há três meses, o que, no seu entendimento, é “intolerável”.

“É sem dúvida uma situação intolerável, inqualificável e de grande desrespeito pelos trabalhadores desta empresa”, sublinhou, referindo, em tom de ironia, que “há vários meses” que o Governo “vem pedindo paciência e tempo aos trabalhadores”, alegando que o processo se encontra em negociação com os acionistas privados.

“Os trabalhadores estão cansados, descrentes, ansiosos e desanimados, a enfrentar sérias dificuldades, e exigem do Governo uma solução substantiva para sair do imbróglio que este mesmo Governo criou”, enfatizou.

Perante o cenário que considera “grave e de grande aflição”, a sindicalista vai mais longe, apelando aos deputados e ao Presidente cabo-verdiano a olharem para o problema desses trabalhadores com “humanismo e interesse”, prometendo novas formas de luta se a situação se mantiver.

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