A Comissão de Trabalhadores da SATA Air Açores e os sindicatos representativos da empresa alertaram hoje para o risco que a alienação do serviço ‘handling’ pode acarretar, defendendo a manutenção na esfera da companhia aérea.
A posição, divulgada num comunicado conjunto da Comissão, dos sindicatos representativos da Sata Air Açores (SNPVAC, SINTAC, SITAVA, SPAC e SITEMA), e do vogal representante dos trabalhadores no conselho de administração, surge com carácter de urgência, na sequência de uma reunião.
Os representantes dos trabalhadores sustentam que está em causa “uma decisão de alto risco e prejudicial aos interesses da companhia e da região”, salientando que a Sata Air Açores “sempre se destacou pelo controle rigoroso sobre as suas operações”, nomeadamente através da manutenção do ‘self-handling’.
Os trabalhadores e sindicatos defendem a importância de manter o ‘handling’ interno, alegando que tal garante controlo operacional direto, maior flexibilidade, redução de custos a longo prazo, rapidez e menor dependência de terceiros e lamentam que o Governo Regional “continue a não perceber as implicações de longo prazo desta decisão” e da necessidade de “preservar o ‘self-handling’ como pilar estratégico da operação da Sata Air Açores”.
O vice-presidente do executivo regional (PSD/CDS-PP/PPM), Artur Lima, disse na quinta-feira, na leitura do comunicado do Conselho do Governo, que foi aprovada uma resolução “que determina a prática dos atos necessários à separação da unidade económica responsável pelos serviços de assistência em escala (‘handling’) e a sua afetação à SATA Holding, S.A., criada no âmbito do processo de reorganização societária do grupo SATA”.
Artur Lima explicou que, agora, é preciso que a SATA Holding crie a empresa de ‘handling’, “para depois poder ser privatizada”.
No comunicado conjunto os trabalhadores e sindicados afirmam que é “falso afirmar que o serviço de ‘handling’ da Sata Air Açores dá prejuízo”.
“Entregar uma área núcleo da empresa a um qualquer privado irá retirar à SATA e á região a possibilidade de obter receitas necessárias para a operação”, sustentam.
Apontam ainda a escassez de pessoal de manutenção, a degradação de infraestruturas aeroportuárias e “horários de manutenção irregulares”.
“A Sata Air Açores está a enfrentar sérios desafios no que toca à manutenção da sua frota. A aquisição de novas aeronaves não está a ser acompanhada pela expansão adequada dos recursos humanos na área de manutenção […]”, apontam.
Trabalhadores, sindicatos e o vogal representante dos trabalhadores no conselho de administração da SATA levantam ainda questões sobre o novo empréstimo de 110 milhões de euros concedido à empresa.
“O novo empréstimo de 110 milhões de euros, aprovado com o aval da União Europeia, do Governo Regional e dos principais partidos da oposição, foi uma medida essencial para a recuperação da empresa. No entanto, ficam algumas questões no ar: porque razão o primeiro resgate falhou se os pressupostos eram idênticos? Quem assumirá a responsabilidade por este empréstimo caso a venda da Azores Airlines não se concretize?”, questionam.
Por outro lado, “este empréstimo, que será em parte utilizado para questões de tesouraria, coloca uma carga significativa sobre os contribuintes da região, especialmente caso o processo de privatização não se concretize de forma bem-sucedida”, alertam, exigindo que as decisões sejam tomadas de “forma transparente e responsável”, tendo por base “uma análise profunda das reais necessidades da Sata Air Açores e da região”.
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