É atribuída ao General Sulpício Galba, pretor da Província Romana da Hispânia, nos idos de 150 antes de Cristo, a famosa frase de que “os Lusitanos são uma estranha gente, não se governa nem se deixa governar”. Não era crível que, quase 2200 anos após o suplício de Sulpício com a gente Lusa, esta continuasse a confirmar a máxima. O país está fortemente de pantanas. E, tal como Galba tinha fama de traidor, há um cheiro a traição no ar.
Saímos de mais um acto eleitoral com o centro político partido ao meio, ainda que seja justo ressalvar a vitória do PS. Por 38 mil votos, menos de 1%, mas para mim quem ganha é quem tem mais votos.
Temido provou que o Covid ainda rende, de um povo já esquecido dos hospitais em falência. Bugalho foi aposta temerária, é um tipo brilhante, preparou-se e saberá mais sobre a arquitetura burocrática europeia que um funcionário do Parlamento Europeu, mas estava tão enganado quanto Montenegro acerca da sua empatia com o eleitorado. Os jovens, sempre dispostos a castigar os seus pares que se destacam, não foram piedosos!
Rui Moreira ganharia com tranquilidade, veja-se como o Porto castigou a AD, sendo a única Região acima do Mondego (além da Guarda, mas esta por 300 votos) a preferir os socialistas, mas é verdade que o ainda edil portuense carrega atrás de si um cheirinho a “Brutus” que faz jus ao título deste texto. Não perdeu o ensejo, e ontem afirmava que era esperado um melhor desempenho da Aliança Democrática.
Por falar nisso, era já tempo de solucionar a perda de votos da coligação PSD-CDS para o inexpressivo ADN, que voltou a receber de bandeja mais de 50 mil votos. E não, caro leitor, não se deveu à fotos na praia do Instagram de Joana Amaral Dias. A confundibilidade a que a coligação de centro-direita se permite, é já de uma ridicularia amadora. Para a próxima, talvez valesse a pena substituir o patusco PPM, pelo igualmente confuso ADN, com a mesma prerrogativa que o líder não pode abrir a boca, nem concedendo qualquer lugar elegível. Matavam-se vários coelhos com uma só paulada.
De profissional foi o facto político criado por Montenegro na noite eleitoral. O apoio a Costa para o Concelho Europeu desviou as atenções, e mereceu elogios pelo sentido patriótico. Tivesse sido o resultado inverso e outro galo cantaria. Primeiro porque o apoio com base na conterraneidade, além de ser uma parolice, não faz qualquer sentido.
Apoiaria o PSD Francisco Louçã para um cargo internacional? Talvez se fosse para Consul de Marte, para nos vermos livres de vez de tão sinistra figura. Por outro lado, o Presidente do Conselho é mesmo uma figura menor. Não direi que é o porteiro das reuniões dos chefes de governo da UE, mas… relembremos que a União tem uma presidência rotativa para cada Estado-membro. E é o chefe de governo do Estado que detêm a presidência da União que, efetivamente, preside ao Conselho.
Recorde-se, igualmente, que o grupo dos socialistas europeus, que tinha a possibilidade em 2019 de indicar o presidente do Conselho, como agora, preferiu indicar o vice-presidente da Comissão, e Alto Representante para os Negócios Estrangeiros da União, o inenarrável Josep Borrell, deixando para os Liberais a indicação do também lamentável Charles Michel (a.k.a., o guarda-chuva de Von der Leyen). Contudo, boa viagem, caro António.
Disfuncional é também a questão da comemoração do 25 de Novembro. Como disse, ainda este ano, Ramalho Eanes, precisamente o homem que, nesse dia, juntamente com Jaime Neves, impediu a deriva ditatorial de esquerda, os vencedores de Novembro foram os militares moderados, o grupo dos nove (todos eles socialistas) e o PS.
O 25 de Novembro é a concretização militar da fonte luminosa. Perceber o atual Partido Socialista a votar ao lado da extrema-esquerda saudosista do PREC, na tentativa de menorização da data, coloca novos desafios ao absurdo. É uma traição à sua história, a Soares, e ao povo português.
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