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Transportes marítimos. Ministro confirma extinção da CV Fast Ferry 

Com o lançamento do concurso para a concessão única do transporte marítimo inter-ilhas, a Cabo Verde Fast Ferry, detida a 53% pelo Estado, deverá ser extinta, confirmou esta segunda-feira, 12, o ministro do Turismo, Transportes e Economia Marítima, José Gonçalves. Os accionistas privados são contra
13 Março 2018, 19h03

Segundo o ministro – falava esta segunda-feira à imprensa à margem da sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a gestão dos TACV, tendo em conta a situação financeira da companhia – após o concurso internacional para transporte marítimo inter-ilhas, pode ser o fim da CVFF. José Gonçalves reafirma assim a possibilidade de a transportadora marítima fechar as portas, dias depois de ter anunciado, em entrevista à RDP-África semana passada, a iminente extinção da Fast Ferry por causa de avultados prejuízos, a rondar os 450 mil contos (mais de 4,5 milhões de euros).
“Eventualmente, com uma concessão única, não quer dizer que obrigatoriamente deixava de existir, mas as condições financeiras da companhia têm que ser a tempo negociado e respeitando todos os direitos que têm os accionistas, assim como os trabalhadores, vir a adequar da melhor forma e ver qual a melhor solução”, explicou o governante quando instado pelos jornalistas sobre o encerramento da Fast Ferry.
De acordo com o ministro, a empresa tem recebido subsídios anuais de compensação “muito expressivos”, sendo que o último foi de mais de 70 mil contos (700 mil euros), mas que havendo uma concessão única, não haverá este subsídio para uma outra companhia.
No entanto, revelou que a CVFF já entregou os dossiês no concurso, mas que não quer dizer que vai ficar classificado no concurso, porque há critérios claros sobre o que é exigido, nomeadamente a rentabilidade financeira dos últimos cincos anos, o que em princípio, de acordo com a presidente da Assembleia Geral da companhia numa entrevista que deu este domingo, não vá ao encontro dos critérios em pauta.
Com cerca de 53% das acções do Fast Ferry, o Estado sabe que a companhia detentora dos navios Liberdadi, Praia d’Aguada e Kriola, está numa situação de “falência técnica”, o que, pelas regras do concurso, isso não será possível.
Em relação a uma possível liquidação da CVFF, o ministro José Gonçalves esclareceu que esta medida será tomada em Assembleia Geral dos Accionista, mas foi adiantando que isso não é uma medida que vai ser tomada “amanhã”.
Em Janeiro último, o Governo tornou público o lançamento de um concurso público internacional para selecionar um parceiro estratégico e com experiência comprovada no ramo de actividades para, através de uma concessão única, passar a fazer a gestão e a exploração do serviço público de transporte marítimo de passageiro e cargas inter-ilhas.
Entretanto, o Governo espera poder ter os navios a operarem em Outubro nos mares de Cabo Verde, isto é, três meses após o término do concurso.
Sucede que este anúncio feito pelo ministro do Turismo, Transportes e Economia Marítima de que a Cabo Verde Fast Ferry vai ser extinta apanhou de surpresa os accionistas privados, que estão à espera do resultado  do concurso internacional para concessão das operações marítimas inter-ilhas para verem se dão o salto para saírem do vermelho.
Segundo noticiou o  diário online cabo-verdiano Santiago Magazine os sócios estão determinados em confrontar o Governo e exigir do ministro do Turismo, Transportes e Economia Marítima, José Gonçalves, o esclarecimento público quanto às intenções do Governo para com a transportadora marítima.
Isto porque o anúncio da eventual extinção da CVFF acontece numa altura em que a empresa cabo-verdiana de transportes marítimos acaba de ser qualificada para a segunda fase do concurso internacional lançado pelo Executivo para a concessão das operações marítimas inter-ilhas – vencedor será conhecido no mês de Maio – sendo, aliás, a única operadora do ramo em Cabo Verde a seguir para a fase seguinte.
Andy Andrade, fundador do projecto e residente nos EUA, disse ao Santiago Magazine que os accionistas estão à espera de uma reacção do Governo à notícia sobre a extinção da Cabo Verde Fast Ferry. Porque, assegura o promotor da CVFF, a “situação insustentável” da dívida da CVFF descrita pelo governante “não corresponde à verdade”. “A empresa tem dívida sim, mas a maioria negociada a longo prazo para serem pagas no ano 2029”, afirmou.
“Como é que a CVFF é a única empresa nacional a passar para a segunda fase desse concurso, conjuntamente com mais três empresas armadoras estrangeiras que apresentaram as suas propostas e cadernos de encargos?”, questionou Andy Andrade, para quem, ao afirmar que a Fast Ferry está falida, o ministro indirectamente estará a afirmar que “o Estado de Cabo Verde está falido, pois é este o maior accionista da CVFF”.
Proprietária dos navios Kriola, Liberdadi e Praia d’Aguada, a Cabo Verde Fast tem funcionado no vermelho desde 2013, altura em que, segundo contas publicadas pela Bolsa de Valores, já apresentava um prejuízo de 127 mil contos. Somando os resultados negativos de anos anteriores, ao fim de três anos completos de actividade, a CVFF tinha prejuízo acumulado de 425 mil contos, imforma o SM.
Caso se confirme a extinção da CVFF, ficam então admitidos para o concurso internacional para concessão das operações marítimas inter-ilhas apenas três empresas: O Grupo Sousa e o Grupo ETE, ambos de Porugal, e o West African Company.
Foto: Inforpress
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