Apenas dois dias antes da segunda volta das presidenciais romenas, entre o candidato de extrema-direita Călin Georgescu e a centrista e pró-União Europeia Elena Lasconi, o Tribunal Constitucional romeno decidiu cancelar ao resultado da primeira volta. “O processo eleitoral para a eleição do presidente da Roménia será retomado na sua totalidade, devendo o governo fixar uma nova data para a eleição do Presidente da Roménia, bem como um novo calendário para a realização das ações necessárias”, declarou o tribunal em comunicado esta sexta-feira.
A decisão surge após relatórios secretos dos serviços de informação romenos terem sido tornados públicos, revelando o envolvimento da Rússia no convencimento dos eleitores através de uma campanha de propaganda anti-ocidental a favor de Georgescu. Os relatórios dos serviços secretos revelaram, segundo a agência Euronews, vários processos ilegais no financiamento da campanha de Georgescu.
O tribunal já tinha avaliado um pedido de anulação do resultado das eleições, depois de Georgescu ter surpreendido o poder político ao ficar em primeiro lugar, decidindo avançar com o processo. A decisão desta sexta-feira deixa o país numa situação política sem paralelo e com consequências imprevistas. De acordo com os cenários iniciais, as novas eleições poderão ter lugar na primavera de 2025, se a decisão sobre o novo escrutínio implicar também o reinício de todo o processo, incluindo a recolha de assinaturas para cada candidato a partir do zero.
O candidato à primeira volta do partido social-democrata, de centro-esquerda, e primeiro-ministro em exercício, Marcel Ciolacu, saudou a decisão do tribunal de Bucareste como a mais correta. “A decisão do CCR de anular as eleições presidenciais é a única solução correta após a desclassificação dos documentos da reunião do CSAT, que mostram que o resultado da votação romena foi flagrantemente distorcido na sequência da intervenção russa”, disse Ciolacu. “As investigações das autoridades devem mostrar quem é o culpado pela tentativa de influenciar maciçamente o resultado das eleições presidenciais”, acrescentou.
Outros políticos romenos, incluindo Lasconi, criticaram a decisão do tribunal, tendo o candidato liberal ser ela “ilegal, imoral e que esmaga a própria essência da democracia”. “Hoje é o momento em que o Estado romeno espezinhou a democracia. Deus, o povo romeno, a verdade e a lei prevalecerão e considerá-los-ão culpados da destruição da nossa democracia”, afirmou.
O líder do partido nacionalista de extrema-direita AUR, George Simion, classificou a decisão do tribunal como um “golpe de Estado em pleno andamento”, mas afirmou que não vai opor-se à decisão. “Não vamos para a rua, não nos deixamos provocar, este sistema deve cair democraticamente”, escreveu Simion nas redes sociais.
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