A Procuradoria-Geral da Bolívia anunciou o alargamento da investigação sobre o golpe de Estado falhado de 26 de junho, com novos crimes contra os 24 indivíduos até agora acusados e a prisão preventiva do ‘ideólogo’ da revolta, Aníbal Aguilar.
Entre os acusados está o principal autor da revolta, o então comandante-geral do exército, general Juan José Zúñiga, e o homem considerado o “ideólogo” do golpe falhado, o “conselheiro pessoal” dos militares, pastor e membro do Conselho Nacional Cristão Aníbal Abel Aguilar Gómez.
Em comunicado, o Ministério Público anunciou o alargamento da investigação que recais sobre todos eles pelos crimes de “levantamento armado contra a segurança e soberania do Estado, terrorismo, atentados contra a segurança do Presidente e outros dignitários, destruição ou deterioração de bens do Estado e utilização indevida de bens e serviços públicos”.
A investigação foi formalmente classificada como “Golpe de Estado III” e os três principais autores da revolta – Juan José Zúñiga, o ex-comandante da Marinha, Juan Arnez, e o ex-comandante da Brigada Mecanizada do Exército, Alejandro Irahola – foram colocados em prisão preventiva.
O mesmo aconteceu também no caso do “ideólogo” Aguilar Gómez, apesar da contestação do seu advogado de defesa, que teme pelo delicado estado de saúde do seu cliente, de 71 anos, que até agora se encontrava em prisão domiciliária.
No sábado, numa audiência de recurso, um juiz de Cochabamba negou a liberdade ao ex-comandante Zúñiga, que continuará detido na prisão de El Abra. Os outros implicados, segundo a lista da Procuradoria-Geral da República, são Juan Paulsen, Julio Buitrago, Miguel Iriarte, Luis Balanza, Waldir Mamani, Leonel Sanjinés, Marco Caviedes, Roberto Argandoña, Raúl Barbery, Marcelo Gutiérrez, Franz Ordoñez, Juan Carlos Delgadillo, Román Caway, Miguel Ángel Burgos, Alan Quenta; Demetrio Mamani, Marcel Zegarra, Vladimir Lupa, Vladimir Céspedes e Jaime Cruz Vera. A investigação sobre o caso estende-se a mais de 30 pessoas.
“A Procuradoria-Geral da República reitera o seu compromisso com a justiça; o Estado de direito constitucional e a defesa intransigente do governo legalmente constituído; a garantia de que este caso é uma mensagem contra a impunidade; e a não repetição da prática de crimes muito graves que ameaçam a soberania popular”, acrescenta o comunicado.
A classificação de ‘Golpe de Estado III’ surge na sequência dos casos ‘Golpe de Estado I’, referente à renúncia forçada do Presidente Evo Morales em 2019, e ‘Golpe de Estado II’, pela autoproclamação de Jeanine Áñez, nesse mesmo ano, como “presidente transitória do Estado”.
Uma tentativa de golpe de Estado abalou no passado dia 26 de junho a Bolívia, país sul-americano que enfrenta uma grave crise económica, com um grupo de militares a insurgir-se contra o Governo de Luis Arce.
O presidente disse acreditar que a tentativa de golpe de Estado se deveu a ter demitido Zúñiga, a 25 de junho, por ter “violado a constituição política do Estado” com declarações numa entrevista que não estava autorizado a conceder.
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