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Trump ameaça com mais tarifas sobre BRICS – mas quanto importam os EUA deste bloco?

Os EUA importaram em 2023 bem mais do dobro do que haviam exportado para este grupo de países, registando excedentes relevantes apenas com o Brasil e os Emirados Árabes Unidos. Trump volta a ameaçar bloco com tarifas adicionais de 10%.
epa12221337 Indian Prime Minister Narendra Modi (L), Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva (C) and South African President Cyril Ramaphosa attend the BRICS summit in Rio de Janeiro, Brazil 06 July 2025. The BRICS began their first summit on 06 July in Rio de Janeiro since the forum expanded from five to eleven members, amid tensions generated by the trade war unleashed by US President Donald Trump and the conflicts in the Middle East and Ukraine. EPA/ANTONIO LACERDA
7 Julho 2025, 09h56

Donald Trump voltou ao tom ameaçador para garantir que irá avançar com tarifas adicionais de 10% sobre países “antiamericanos” e que alinhem com o bloco dos BRICS, isto numa altura em que o grupo está reunido em cimeira no Rio de Janeiro, no Brasil. Apesar das ameaças e acusações constantes da administração norte-americana, os EUA compraram quase 650 mil milhões de dólares a estes países em 2023, sublinhando o impacto que esta medida terá para as famílias.

Com o bloco dos BRICS (entidade que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Indonésia, Irão, e Emirados Árabes Unidos) reunido, Trump voltou a ameaçar com tarifas acrescidas, desta feita com uma taxa de 10%, falando em “políticas antiamericanas” por aqueles países. No entanto, em 2023, os EUA importaram 649,9 mil milhões de dólares (553,6 mil milhões de euros) em bens a estes países, bastante acima dos 294,9 mil milhões de dólares (212,9 mil milhões de euros) em sentido contrário.

Esta é, de resto, a principal e mais comum razão para as medidas protecionistas de Trump: os défices comerciais norte-americanos – ainda que sempre olhando só para o lado dos bens e ignorando os serviços, onde os EUA têm tipicamente excedentes.

Os dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) apontam para excedentes comerciais com o Brasil e os Emirados Árabes Unidos (EAU), sendo que as importações norte-americanas neste segundo caso ficam próximo do nulo. Assim sendo, os 24,9 mil milhões de dólares (21,2 mil milhões de euros) vendidos aos Emirados quase não têm correspondência em importações, enquanto com o Brasil o superavit fica na casa dos 3 mil milhões.

De resto, a situação é bastante menos positiva para os cofres norte-americanos. Na relação com a China, a tendência é mais do que clara, com o gigante asiático a exportar 448 mil milhões de dólares (381,2 mil milhões de euros) contra 147,8 mil milhões de dólares (125,9 mil milhões de euros) em sentido inverso.

Também a Indonésia regista uma relação quase unidirecional, com exportações de 28,1 mil milhões de dólares (23,9 mil milhões de euros) sem correspondente significativo do lado das importações oriundas dos EUA. Já a Índia regista um superavit de bens na casa dos 40 mil milhões de dólares, quase tanto como o valor das suas exportações em 2023 para os EUA.

Países como o Irão e a Rússia, altamente penalizados por sanções internacionais lideradas pelos EUA, têm fluxos de trocas quase inexistentes com os norte-americanos.

Sem apontar diretamente o dedo ao presidente dos EUA nem à sua administração, os BRICS condenaram já a ameaça, falando em “preocupações sérias” perante aquilo que veem como uma violação clara das regras definidas pela OMC.

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