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Trump exige que presidente do Comité de Inteligência da Câmara dos EUA seja acusado de “traição”

Numa série de ataques na rede social Twitter, Donald Trump exigiu que Adam Schiff fosse detido por “traição” por parodiar as declarações do presidente durante uma audiência.
30 Setembro 2019, 15h58

Os comentários do presidente norte-americano contra os legisladores que estão à frente do processo de ‘impeachment‘ aumentaram de tensão, esta segunda-feira, depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter exigido que Adam Schiff, presidente da comissão de Informação da Câmara dos Representantes, fosse detido por “traição” – um crime punível com a pena de morte ou tempo de prisão – por exagerar partes da chamada com o líder da Ucrânia.

Na sua conta da rede social Twitter, Trump escreveu: “Schiff  deu um mau e falso testemunho, fingiu serem minhas as partes mais importantes da chamada com o presidente ucraniano e leu-as em voz alta ao Congresso e ao povo norte-americano. Não tinha nenhuma relação com o que eu disse na ligação. Prisão por traição?”.

O comentário veio depois de uma audiência, que decorreu na semana passada, na comissão de Informação da Câmara dos Representantes, no qual Adam Schiff exagerou os comentários de Donald Trump durante uma chamada com o homólogo ucraniano, escreve a agência “Reuters”, esta segunda-feira.

Nas observações iniciais da audiência, Schiff relembrou o telefonema entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, parafraseando momentos da chamada de modo a enfatizar as ilegalidades naquele telefonema, inclusive dizendo que Trump ordenou a Zelensky que “inventasse podres sobre o meu oponente político” num total de “sete vezes”.

Depois das declarações terem sido criticadas pelos republicanos presentes na audiência, Schiff argumentou que os seus comentários foram feitos parcialmente em tom de brincadeira. “Claro que o presidente nunca disse “eu vou dizê-lo mais sete vezes até entenderes”, cita a Reuters as declarações do presidente do comité. “A questão aqui é que a essa era a mensagem que o presidente estava a receber em poucas palavras”.

Nos últimos dias Schiff tornou-se num alvo para Trump, juntamente com o denunciante anónimo que a imprensa norte-americana afirma ser um agente da CIA. No Twitter, Trump insiste que a chamada com Zelensky, na qual é pedido que o candidato presidencial Joe Biden fosse investigado, foi “perfeitamente normal”.

“Sabem o que costumávamos fazer nos velhos tempos?”

Na semana passada, o “Los Angeles Times” publicou a gravação de um encontro de Trump com funcionários da missão dos EUA nas Nações Unidas, enviada ao jornal por um dos participantes.

“Quero saber quem é a pessoa que deu a informação ao denunciante porque é quase um espião. E sabem o que costumávamos fazer nos velhos tempos, quando éramos espertos, não sabem? Espiões e traição… Costumávamos lidar com isso de uma maneira um pouco diferente do que fazemos agora”, ouve-se Trump dizer.

Numa declaração conjunta, Schiff e mais dois presidentes de comissões da Câmara dos Representantes – Eliot Engel, dos Negócios Estrangeiros, e Elijah Cummings, da Supervisão – declararam que “as ameaças de violência do líder do país têm um efeito assustador em todo o processo de denúncias, com graves consequências para a democracia e a segurança nacional”.

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