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Trump nega ter sido informado sobre prémios russos aos talibãs para atacar tropas

O Presidente norte-americano, Donald Trump, negou hoje ter sido informado pelos serviços de informações sobre alegados prémios prometidos pela Rússia aos talibãs para matarem tropas dos Estados Unidos no Afeganistão e desvalorizou as alegações contra Moscovo.
28 Junho 2020, 16h52

“Ninguém me informou ou me disse, ao vice-Presidente [Mike] Pence ou ao chefe de gabinete Mark Meadows sobre alegados ataques às nossas tropas no Afeganistão por russos, como noticiado através de uma ‘fonte anónima’ pelo ‘fake news’ New York Times”, escreveu Donald Trump na rede social Twitter.

“Toda a gente o nega e não houve muitos ataques contra nós…”, acrescentou.

O New York Times noticiou na sexta-feira que os serviços de informações norte-americanos concluíram há vários meses que responsáveis russos ofereceram recompensas por ataques bem-sucedidos a militares norte-americanos, em 2019, quando os Estados Unidos e os talibãs negociavam um fim para o conflito no Afeganistão.

A Casa Branca já tinha divulgado um comunicado no sábado ao final do dia negando que Trump ou Pence tenham sido informados, apontando “a inexatidão da notícia do New York Times, que sugere erradamente que o Presidente Trump foi informado desse assunto”.

O diretor nacional para os serviços de informações, John Ratcliffe, também afirmou que Trump e Pence “nunca foram informados de nenhuma informação” como “a alegada” pelo Times e acrescentou que o comunicado da Casa Branca “é exato”.

Num outro ‘tweet’, Trump reagiu a declarações do presumível candidato do Partido Democrata às presidenciais, Joe Biden, que no sábado disse que a notícia, se for verdade, é “uma revelação verdadeiramente chocante” sobre a incapacidade de Trump, comandante supremo das Forças Armadas, para proteger as tropas norte-americanas no Afeganistão e para fazer frente à Rússia.

“Ninguém foi mais duro com a Rússia que a administração Trump. Com os corruptos Biden e [Barack] Obama, a Rússia teve a vida facilitada, anexando partes importantes da Ucrânia”, escreveu Trump no Twitter.

A Rússia qualificou a notícia do NYT de “disparate”.

“Este plano tão pouco sofisticado ilustra claramente as baixas capacidades intelectuais dos propagandistas dos serviços de informações norte-americanos, que, em vez de inventarem algo mais plausível vêm com este disparate”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em comunicado.

Um porta-voz talibã disse por seu turno que o grupo “rejeita com firmeza a alegação” e não é “devedor da beneficência de qualquer serviço de informações de um país estrangeiro”.

John Bolton, antigo conselheiro de segurança nacional que Trump afastou em setembro e acaba de publicar um livro sobre o tempo que passou na Casa Branca, considerou hoje “bastante impressionante que o Presidente não poupe esforços para dizer que não ouviu nada sobre o assunto”.

“Por que faria isso?”, questionou Bolton, no programa “Meet the Press” da NBC, acrescentando: “Talvez seja precisamente porque uma agressão ativa russa contra militares norte-americanos é um assunto muito, muito sério e nada foi feito, se for verdade, nos últimos quatro ou cinco meses, o que pode parecer negligência”.

O New York Times, que cita, sob anonimato, responsáveis conhecedores das informações, afirma que elas foram apresentadas a Trump e ao Conselho de Segurança Nacional em finais de março, após o que foram preparadas potenciais respostas, começando por um protesto diplomático junto das autoridades russas, mas que a Casa Branca não autorizou, até ao momento, nenhuma das iniciativas.

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