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Trump, o golfe, as centrais eólicas offshore e a EDPR

Donald Trump deu ordens a dois dos seus conselheiros de topo para destruir o setor offshore. Seis agências públicas estão encarregues do processo. Central da EDPR apanhada no meio.
7 Setembro 2025, 15h23

A Casa Branca está muito empenhada em destruir a energia eólica marítima (offshore) nos Estados Unidos da América (EUA). No meio deste turbilhão encontra-se um projeto do consórcio da EDP Renováveis (EDPR): o Governo já pediu a um tribunal federal para revogar a licença de construção da central SouthCoast Wind.

Washington está mesmo empenhado nesta missão. Seis agências foram encarregues pelo executivo Trump de avançar com planos para retalhar o setor offshore, segundo o “New York Times” (NYT). A chefe de gabinete do presidente Susie Wiles e o conselheiro sénior Stephen Miller são quem lidera o esforço. Mesmo agências que não estão relacionados com o offshore foram chamadas para intervir. O Departamento de Saúde vai analisar se as turbinas emitem campos eletromagnéticos que possam prejudicar a saúde humana. O Departamento de Defesa analisa se os projetos podem representar riscos à segurança nacional, escreve o “NYT”.
A ofensiva anti-eólicas offshore de Trump começou há 14 anos, quando falhou em travar uma central ao largo de um dos seus campos de golfe na Escócia.

A intenção do Governo em cancelar o projeto da EDPR está numa moção submetida num processo que decorre no tribunal federal de Washington DC, para cancelar a licença concedida pelo executivo de Joe Biden, revela a Reuters.

A SouthCoast Wind pertence ao consórcio Ocean Winds, detido pela EDP Renováveis (EDPR) e pelos franceses da Engie. O JE pediu uma reação ao consórcio, mas não obteve resposta.

O processo foi originalmente instaurado este ano pela cidade de Nantucket, no estado de Massachusetts, para contestar o licenciamento. A central está projetada para mais de 30 kms ao largo desta cidade, mas uma avaria noutra central, em 2024, fez com que as praias da região ficassem com lixo de uma turbina, provocando a reação negativa da autarquia contra outros projetos.

Na resposta à moção da Casa Branca, os advogados do consórcio Ocean Winds disseram que os procedimentos em curso “são um desejo descarado do presidente para eliminar todos os projetos eólicos offshore, independentemente dos seus impactos”.

Em fevereiro, a EDPR anunciou a suspensão deste projeto eólico marítimo nos EUA, o que poderá provocar um atraso de quatro anos.
O projeto Southcoast Wind, ao largo da costa do Massachusetts, tem uma capacidade prevista de 2,4 gigawatts. A companhia deveria iniciar a construção este ano, estando operacional em 2030.

Isto significa que o projeto em parceria com a Engie (através do consórcio Ocean Winds) será, eventualmente, retomado quando houver um novo presidente na Casa Branca, em 2029, pois as próximas eleições vão ter lugar em novembro de 2028. A companhia assumiu uma perda de 113 milhões de euros.

“É prudente assumir um atraso de quatro anos. Obviamente que esse é o pior cenário possível”, disse o CEO da EDPR Miguel Stilwell d’Andrade em fevereiro, acrescentando que o acordo de venda de energia (PPA) está “pronto a assinar” com um “bom preço”.

“O projeto está pronto a avançar, mas com tudo o que aconteceu, com as ordens executivas, decidimos ser mais prudentes”, acrescentou então o gestor.

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