Os Estados Unidos da América têm um plano para controlar os minerais críticos da Ucrânia, mas também futuras infraestruturas do país. Pior, o acordo não tem limitação de tempo, não havendo data prevista para terminar.
Um dos pontos da proposta dos EUA é o “direito à primeira oferta” em investimentos em infraestruturas e também em projetos de recursos naturais.
Se Kiev concordar, os EUA ficarão com bastante poder para controlar investimentos no país, incluindo estradas, portos, minas, caminhos de ferro, projetos de petróleo e gás, e a extração de minerais críticos, segundo uma versão preliminar do plano consultada pela “Bloomberg”.
O acordo também prevê que os EUA possam controlar um fundo de investimento para a reconstrução do país e que possam retirar lucros do mesmo.
O documento estipula ainda que a Ucrânia pague de volta toda a ajuda militar e económica desde o início da invasão russa.
Uma versão anterior deste acordo estava em cima da mesa em Washington à espera da assinatura do presidente ucraniano. No entanto, a assinatura caiu após um momento de tensão entre Donald Trump e JD Vance com Volodymyr Zelenskiy na Casa Branca em fevereiro.
Kiev e Washington continuam a negociar, e a versão final poderá contar com alterações.
“O acordo oferece à Ucrânia uma oportunidade para formar uma relação económica duradoura com os Estados Unidos que seja a base para paz e segurança a longo prazo. Vai reforçar a relação entre as nossas nações e beneficiar ambos”, disse o conselheiro de segurança nacional dos EUA, James Hewitt.
No entanto, a Ucrânia não ficou impressionada com a proposta e vai pedir mudanças ao documento, segundo a “Bloomberg”. As condições e a falta de limite temporal são duas das questões que preocupam Kiev.
Além disso, o Governo ucraniano receia que o acordo venha a prejudicar a sua intenção de juntar-se à União Europeia. Por outro lado, também teme que tenha de pagar todo o apoio dado pelos EUA, algo com que discorda.
Na sexta-feira passada, o Governo ucraniano reuniu-se com o executivo norte-americano para procurar clarificação.
Pela sua parte, os EUA afirmam estar comprometidos com uma “conclusão rápida deste acordo vital”. Contudo, o fato de esta parceria dar controlo aos EUA sobre grandes partes da economia ucraniana preocupa Kiev.
O presidente ucraniano já rejeitou a ideia de que tenha de pagar pela ajuda dos EUA e garante que quer juntar-se à UE. No entanto, o documento também não oferece garantias de segurança à Ucrânia e já provocou críticas de vários políticos do país.
“A Constituição da Ucrânia estipula claramente que o nosso objetivo é rumo à UE. E existem várias reformas importantes. Nada que coloque isto em causa pode ser aceite”, disse o presidente ucraniano na sexta-feira, citado pelo “Politico”.
Por sua vez, a Comissão Europeia garante que vai avaliar o acordo quando o seu desenho for mais concreto. “Este acordo terá de ser analisado de uma perspetiva de relações entre a Ucrânia e a UE e em termos de negociações de entrada na UE”, disse a porta-voz comunitária, a portuguesa Paula Pinho.
O presidente dos EUA disse este fim de semana estar “muito zangado” e “irritado” com Vladimir Putin, depois de o presidente russo ter defendido que a Ucrânia devia ficar sob controlo da ONU até ter um novo presidente.
“Se não conseguirmos chegar a um acordo com a Rússia para acabar com o derramamento de sangue na Ucrânia, e se achar que a culpa é da Rússia, vou impor tarifas secundárias sobre o petróleo, sobre todo o petróleo que sai da Rússia”, afirmou Donald Trump em entrevista à “NBC”.
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