O ex-presidente Donald Trump e mais 18 pessoas acusadas de conspiração para alterarem os resultados das eleições presidenciais de 2020 no Estado da Geórgia tinham a primeira audiência em tribunal marcada para esta quarta-feira. São os primeiros passos de um processo que começou quando Trump se apresentou na cadeia e posou para a primeira foto policial de um ex-presidente dos Estados Unidos – um marco histórico que tem jogado a favor das suas pretensões políticas.
O passo seguinte foi a declaração de inocência que, como se esperava, foi afirmada pelos envolvidos – e que segundo alega o promotor distrital do condado de Fulton, Fani Willis, participaram numa ampla conspiração para tentar manter ilegalmente o presidente republicano no poder, após a derrota eleitoral para o democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020.
Trump foi indiciado no início deste mês por quatro acusações de conspiração para reverter o resultado eleitoral, processo que continuará num tribunal de Washington DC a partir de 4 de março de 2024. Ou seja, em cima das primárias dos republicanos: em Iowa, Estado do centro-oeste, as primeiras primárias ocorrerão em 15 de janeiro.
Numa reação publicada na rede social Truth Social, de que é fundador, o ex-presidente afirmou que a data do julgamento constitui uma “interferência eleitoral” para as presidenciais do próximo ano. Que interferirá, com certeza que sim, se é esse o interesse do tribunal já é mais difícil de avaliar, mas o certo é que, para já, Trump tem sabido virar a seu favor todos os casos de justiça com que se tem confrontado. É de recordar que Trump também está acusado de reter ilegalmente documentos confidenciais na sua mansão em Palm Beach, Florida (julgamento marcado para 20 de maio), e de pagar a uma alegada prostituta para esconder uma relação comum – em 25 de março, em Nova Iorque, Trump voltará a encontrar-se com o ‘caso Stormy Daniels’.
Para já, nada disto afetou a imagem de Trump junto do seu eleitorado potencial – nem fez com que mais de metade dos republicanos deixasse de acreditar que o ex-presidente ganhou mesmo as eleições de 2020. Mas, dizem os analistas, uma coisa é saber-se em abstrato que Trump fez o que fez, outra coisa – que pode ser bem diferente – é o esmiuçar de cada caso pelos procuradores gerais encarregados do assunto.
De algum modo, como afirma o analista Francisco Seixas da Costa, a capacidade de ‘auto-destruição’ de Trump é a melhor hipótese de o atual presidente, Joe Biden, conseguir uma boa prestação na corrida à presidência ou de ver o ex-presidente suplantado por outro candidato republicano. Mas, para já, ninguém parece apostar nessa hipótese.
Entretanto, num momento político raro, a vice-presidente Kamara Harris – que chegou a ser apontada como a mais clara sucessora de Biden – aceitou, em entrevista à Associated Press, quebrar o silêncio da Casa Branca sobre os processos contra Donald Trump no caso das eleições de 2020. “Que as evidências, os factos, levem aonde puderem”, disse numa entrevista realizada durante uma viagem à Indonésia, onde participa na cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático. “Passei a maior parte da minha carreira como promotora”, disse Harris, ex-procuradora-geral da Califórnia. “Acredito que as pessoas devem ser responsabilizadas nos termos da lei. E quando violam a lei, deve haver responsabilização.”
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