É preciso recuar uma década para encontrar um ano com um calendário eleitoral tão preenchido como 2019. Europeias, Regionais e Legislativas, todas, com exceção das Autárquicas, acontecerão nos próximos meses. Só em 2009 – ano de triste memória para os portugueses que viram a sua nação entrar na ruína que nos haveria de conduzir à intervenção financeira externa após anos de governação socialista de José Sócrates – se realizaram mais eleições do que em 2019.

E o que aí vem são tudo menos favas contadas. Quem ficará à frente dos destinos de Portugal nos próximos quatro anos, sucedendo a António Costa, esse mesmo que nos governa sem mandato do povo, sem uma vitória nas urnas, sem obra feita ou investimentos relevantes, mas com uma agenda mediática desenhada com toda a precisão para satisfazer todos os critérios eleitorais?

De quem será a vitória eleitoral na noite de 6 de outubro? De António Costa ou Rui Rio? Uma coisa parece quase certa: dificilmente haverá um único vencedor absoluto, um único a conseguir a maioria dos deputados da Assembleia da República.

A dúvida aqui é saber se será o bloco dos partidos à esquerda, liderado pelo PS, ou o bloco dos partidos à direita, liderado pelo PSD, que se entenderá para respetivamente, manter uma política desgarrada ou construir uma verdadeira alternativa para o país.

Há dois anos, poucos diriam que o PS iria terminar esta legislatura debaixo do fogo intenso a que temos vindo a assistir. Não há dossiê relevante que não esteja envolto em polémica e contestação.

Da Saúde à Educação com as respetivas classes em ebulição, passando pela Defesa com a responsabilidade de Tancos que não chega e pela Banca que não prescinde do apoio público (17 mil milhões de euros no total, acrescidos agora de um novo pedido de 1.100 milhões para o Novo Banco), mais a ADSE, a degradação dos serviços públicos e dos transportes, o desfasamento de rendimentos por decreto entre os funcionários públicos e os privados, as tragédias dos incêndios, as derrocadas de estradas com dezenas de mortes injustificadas, a inexistência de investimentos públicos, greves e mais greves, enfim, nada parece funcionar em pleno neste final de legislatura.

António Costa, que tantos consideram um grande estratega, geriu da pior forma este fim de ciclo político de quatro anos, avolumando crises atrás de crises, precisamente na fase em que menos precisava delas.

Esteve em alta entre 2017 e início de 2018, período onde brilhou em ações de marketing político, para agora, em 2019, mergulhar numa perda absoluta com consequências imprevisíveis. Basta analisar os barómetros das empresas de sondagem dos últimos seis meses para comprovar a derrocada que se perspetiva. Desde setembro que o PS desce consecutivamente, mês após mês. Inversamente, PSD e Rui Rio têm crescido nas intenções, fruto de um trabalho sério e persistente com base em propostas diferenciadoras, sem populismos ou demagogias. E há ainda o Aliança de Pedro Santana Lopes, que inicia agora o seu caminho, abrindo novas oportunidades à direita.

Tudo se mantém, portanto, em aberto para 2019. As grandes decisões ficarão, como sempre, entregues aos portugueses. Os políticos que façam o que lhes compete: trabalhem com honestidade, responsabilidade, orgulho e sentido de estado para merecerem a confiança do seu povo.