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“Tudo se conjuga para que os preços deixem de subir tanto”, garante diretor-geral da APED

Em entrevista ao JE, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, sublinhou que apesar do sector se sentir “atacado e questionado” devido aos acontecimentos das últimas semanas, existem razões objetivas pelas quais os preços têm vindo a aumentar e que o Governo reconheceu o erro.
Secretário-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier
30 Março 2023, 13h44

O momento é particularmente desafiante para a associação que congrega todo o retalho em Portugal, e está relacionado com uma parte importante do sector ligado ao retalho alimentar e com a medida que visa a suspensão do IVA em 44 bens alimentares, fruto de um acordo entre o Governo, distribuição e produção.

No âmbito da APED Retail Summit, que teve lugar esta quinta-feira em Lisboa e abordou as tendências e desafios para o sector do retalho (na perspetiva geoeconómica, tecnologia, pessoas, liderança e sustentabilidade), o JE entrevistou Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED).

Ao JE, este dirigente sublinhou que apesar do sector se sentir “atacado e questionado” devido aos acontecimentos das últimas semanas, existem razões objetivas pelas quais os preços têm vindo a aumentar e que o Governo reconheceu o erro.

Este é um momento particularmente desafiante para as empresas de distribuição?

Sim, neste caso para todas as empresas de distribuição e retalho. Sei que está a referir aos acontecimentos desta semana em torno do retalho alimentar, mas não podemos esquecer que a APED é muito mais do que isso e representa todo o retalho nacional na área do têxtil, calçado, moda, fashion, tecnologia, cultura, brinquedos, cosmética, etc. Temos a capacidade de agregar na mesma associação um conjunto de empresas muito relevantes que têm mais de 140 mil colaboradores, já representam mais de 12% do PIB e o desafio é de facto constante: é o desafio da inovação, da tecnologia, de combate às alterações climáticas, a descarbonização. A APED tenta ser uma associação mobilizadora de todas as empresas, da sua dimensão e das suas áreas de negócio. É muito importante que as pessoas percebam que todos os dias há por trás das lojas e dos armazéns muita atividade que não se vê. Para que não falte nada aos portugueses há todo um trabalho por trás que implica muita capacidade de gestão e de investimento. Vamos ter que continuar a investir, a fazer mudanças no nosso sector.

Este é um regresso aos eventos presenciais por parte da APED?

Devido à pandemia, desde 2018 que não nos reuníamos com os nossos clientes e com os nossos gestores. Era muito importante que numa altura tão difícil em que uma parte do sector é tão atacado e tão questionado, temos aqui um sinal de esperança e de vitalidade.

Questões geopolíticas que afetam a economia e transformação digital são alguns dos desafios que se colocam ao sector?

Uma coisa temos a certeza: só com investimento, capacidade de gerar resultados para as empresas para depois distribuir pelos nossos colaboradores, angariar talento e investindo nestas novas dimensões do negócio é que vamos ter empresas fortes e seguras. Não se pode pensar que os resultados das empresas acontecem por acaso e devia-se olhar para o facto de as empresas gerarem lucros e que esses resultados positivos resultem num maior investimento que será sempre benéfico para o consumidor. As empresas do sector do retalho em Portugal querem continuar no país e querem continuar a investir e que continuem a ter lucros que continuem a ser bem investidos pelos colaboradores e acionistas, pagando impostos e criando valor e novas oportunidades de negócio.

Estamos a 15 dias da implementação da medida de suspensão do IVA a 44 bens alimentares. Como é que a distribuição se está a preparar para essa mudança?

É bom que se diga que o diploma ainda não foi publicado e previsivelmente será publicado na próxima semana. Continuamos em contacto com o Governo e com os mais diversos partidos para que este seja um diploma claro nos objetivos e que o período de implementação também seja claro, com uma data única para que todo o sector saiba qual é o dia zero para a implementação do IVA zero. De resto, temos que mudar sistemas informáticos, etiquetas nas operações nas lojas, tudo isso está preparado e temos a certeza que todo o sector vai estar à altura da dimensão do seu passado e dos objetivos desta medida.

O sector da distribuição pode ir além desta medida?

O compromisso que assumimos é que se o Governo investisse na produção, se dotasse a agricultura portuguesa de meios seria benéfico para todos. Sempre dissemos que para que os preços não se sentissem tanto no retalho, era preciso investir na produção. Há razões objetivas pelas quais os preços têm vindo a aumentar e o Governo reconheceu o erro e mais vale tarde do que nunca. Tudo se conjuga para que os preços deixem de subir tanto e que haja um maior equilíbrio no controlo da inflação e estamos todos juntos neste desafio.

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