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Turismo, têxtil e calçado são os setores mais afetados, revela diretor-geral da Intrum Portugal

Luís Salvaterra, responsável pela empresa especializada em gestão de créditos em Portugal, alerta para a possibilidade de ocorrerem muitas falências de micro e pequenas empresas.
3 Abril 2020, 18h08

Em entrevista exclusiva ao Jornal Económico, Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal, revela que os setores empresariais que neste momento estão a ser mais afetados pelo impacto do surto do coronavírus em Portugal são o turismo, o têxtil e o calçado.

Como podem as empresas portuguesas evitar o sufoco económico que está a acontecer e à vista com o surto da Covid-19 e com o consequente confinamento e encerramento quase total da atividade?
O confinamento e encerramento quase total da atividade económica devido ao surto Covid-19, é uma realidade que pouco depende das empresas e dificilmente elas podem ultrapassar. Assim o importante é sermos resilientes e utilizar todos os mecanismos legais que estão a ser disponibilizados para garantir a manutenção das bases, de forma a que após esta situação seja ultrapassada, possam retomar a sua atividade.

Quais as recomendações que a Intrum Portugal apresenta para que as empresas possam superar esta situação?
As nossas principais recomendações às empresas são a monitorização de todo o processo de gestão de crédito e a monitorização de informações económicas e da indústria, incluindo a solvência dos clientes-chave. Não adiar, agir prontamente, tendo em conta a proporcionalidade da situação. Fortalecer a relação com os seus clientes, adequando o processo de crédito com base no comportamento de pagamento e à capacidade de pagamento. Recorrer aos serviços de especialistas na gestão de credito pode ser uma opção a considerar e que em tempos de dificuldades acrescidas, pode trazer mais valias substanciais para a liquidez, fator critico para a sobrevivência de muitas empresas neste ambiente económico-social que vivemos.

Quais as soluções que a Intrum Portugal está a/vai disponibilizar no meio empresarial português para poder superar esta crise?
Adaptar toda a nossa oeração à atual circunstância num curto espaço de tempo de forma a garantir a nossa operacionalidade e responder aos compromissos que assumimos com mais de 600 clientes em Portugal, contribuindo desta forma a minimizar os impactos da crise Covid-19 nas suas tesourarias. Este foi o grande desafio.  Hoje, 95% dos nossos colaboradores estão em regime de teletrabalho, só possível graças à solidez financeira da empresa, dos parceiros tecnológicos e das equipas de IT [tecnologias de informação]. Assim, estamos preparados para continuar a oferecer o acesso aos nossos serviços ajudando as empresas e os seus clientes a equilibrarem a sua tesouraria.

Na sua experiência destas últimas semanas, quais são, no seu entender, os setores empresariais que estão a ser mais afetados por esta pandemia em Portugal?
Os setores que estão a ser mais afetados pela pandemia são sem dúvida os ligados ao turismo e os que estão mais dependentes do mercado da exportação como  têxtil e o  calçado, por exemplo. Todos os setores serão afetados, mas em proporções e momentos diferentes.

Quais são os diversos cenários que a Intrum Portugal tem já desenhados sobre o impacto económico que esta pandemia poderá ter no tecido empresarial nacional?
O tecido empresarial constituído pelas micro e pequenas empresas, irá ser muito penalizado, podendo ditar a falência de muitas delas. Tudo dependerá da duração da quase paragem da economia.

As medidas anunciadas pelo Governo são suficientes? Porquê?
Seguramente que nunca serão suficientes, face a uma situação que se vislumbra devastadora e que ninguém sabe quanto tempo vai durar e os estragos que de facto vai deixar na economia e na sociedade em geral. Mas é uma boa resposta, proactiva e que conseguiu reunir consensos dos principais ‘stakeholders’.

 

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