O governo turco criticou a posição dos Estados Unidos em relação à sua nova política de aceitação de refugiados afegãos oriundos de países terceiros, tendo afirmado que a decisão é um convite à saída do país asiático e o primeiro passo para uma nova crise de imigração regional.
O programa abrange intérpretes e tradutores que trabalharam com as forças dos Estados Unidos no Afeganistão, afegãos envolvidos em projetos financiados pelos Estados Unidos e membros de ONGs ou organizações semelhantes sediadas em território norte-americano.
A questão do governo de Recep Erdogan, o Presidente turco, é que o plano dos Estados Unidos de usar terceiros países como a Turquia para acolher milhares de afegãos que correm o risco de serem alvo de combatentes entre os insurgentes taliban e o governo local vai iniciar uma corrida a essas áreas.
Semanas antes de os Estados Unidos concluírem a retirada das suas tropas do Afeganistão após 20 anos de guerra, o Departamento de Estado norte-americano anunciou um novo programa que permite a alguns afegãos terão a hipótese de se reinstalarem como refugiados nos Estados Unidos. O Departamento de Estado disse que Washington está a debater com países vizinhos a possibilidade da formação de fluxos de saída, acrescentando que é importante que as fronteiras do Paquistão com o Afeganistão permaneçam abertas, enquanto outros afegãos podem viajar para a Turquia via Irão.
Mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia rejeitou a referência à Turquia como uma rota de imigração para os afegãos, acrescentando que o país, já hospedando mais de quatro milhões de refugiados (principalmente sírios), não iria “empreender uma nova crise imigratória em nome de um país terceiro”.
“A Turquia não aceita a decisão irresponsável dos Estados Unidos sem consultar o nosso país. Se os Estados Unidos quiserem levar os afegãos para o seu país, é possível transferi-los diretamente por uma ponte aérea”, afirmou o ministério em nota oficial. “Ninguém deve esperar que a Nação turca suporte o fardo das crises migratórias vividas como resultado das decisões de países terceiros na nossa região”, acrescentava o comunicado.
Centenas de afegãos cruzaram a fronteira para a Turquia nas últimas semanas, na tentativa de escaparem ao aumento da violência no Afeganistão.
Ancara ofereceu-se para guardar e manter operacional o Aeroporto Internacional de Hamid Karzai, na capital afegã, Cabul, após a retirada dos Estados Unidos e da NATO. Recep Erdogan disse esta semana que as autoridades turcas mantêm conversas de alto nível sobre o assunto com o governo afegão.
Ao mesmo tempo, a Turquia tem reforçado a segurança das suas fronteiras, em antecipação a um aumento potencial no fluxo de imigrantes irregulares, disse o ministro do Interior, Suleyman Soylu, no Twitter. A Turquia pode optar pela construção de um muro de 152 km de comprimento na fronteira, ao mesmo tempo vai passar a monitorizar os 740 km da fronteira leste do país com o recurso a drones, torres eletro-ópticas e câmaras térmicas noturnas.
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