“Estou encantada por Andre Orcel se juntar a nós como CEO do Grupo. À medida que continuamos a transformar o Santander, a sua experiência será inestimável. Bem-vindo Andrea”. Esta mensagem, publicada por Ana Botín – presidente do Grupo Santander – no Twitter, em 25 de setembro de 2018, pode ter saído muito, muito caro ao banco espanhol.
O Santander foi condenado na quinta-feira por um tribunal espanhol a pagar 67,8 milhões de euros ao banqueiro italiano Andrea Orcel – a quem o banco espanhol convidou, mas depois retirou o convite para CEO. Quando Orcel pediu uma compensação pelo incidente, o banco alegou que a contratação não tinha sido efetivada. Ora esta mensagem de Botín, bem como outras três, demonstram, pelo menos aos olhos do juíz que apreciou o caso, que não foi bem assim.
Delighted that Andrea Orcel is joining us as Group CEO. As we continue to transform Santander his experience is invaluable. Welcome Andrea.
— Ana Botín (@AnaBotin) September 25, 2018
Segundo noticia o El País, que teve acesso à sentença do caso, estas quatro mensagens da presidente do Banco Santander, foram uma prova chave. Na sentença, o juíz Javier Sanchez Beltran destaca que os tweets “são especialmente eloquentes” a confirmar que Orcel foi, de facto, contratado. A decisão do tribunal de primeira instância número 46 de Madrid caiu como uma bomba no grupo de Ana Botín, que agora vai recorrer. O Banco anunciou, entretanto, que “está confiante de que vai ganhar o recurso, como já aconteceu nos dois processos penais instaurados em tribunal relacionados com este assunto”.
O Santander retirou a oferta a Orcel depois de um desentendimento quanto à remuneração do banqueiro italiano. Orcel já tinha saído do banco UBS para se preparar para as novas funções quando tudo se passou.
Não foram só os tweets a “tramar” o Santander. A sentença do tribunal de Madrid alude e cita ainda a uma entrevista na TV, bem como um vídeo no qual a presidente do banco dizia que que a contratação de Orcel entraria em vigor “a partir do início de 2019”.
Estes elementos, diz o tribunal, estabelecem que a carta de oferta de emprego do Santander a Orcel constitui um “contrato válido”, que foi rescindido “unilateralmente e arbitrariamente”, pelo que toda esta “situação criada pelo Banco Santander causou claros danos morais” ao banqueiro italiano.
Uma decisão final do caso poderá tardar ainda um a dois anos, dependendo dos recursos apresentados e da possibilidade de o processo chegar ao Supremo espanhol.
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