Numa entrevista à Bloomberg, Daniel Graf, Chefe de Produto da Uber, revelou que a empresa tem estado a testar um novo sistema de cálculo de preços. Disponível em 14 cidades dos EUA onde a marca oferece o serviço de carpooling (viagem partilhada) UberPool, este sistema calcula o preço a cobrar pela viagem de acordo com o que acha que os clientes estão dispostos a pagar, um corte radical com o passado, altura em que os preços eram calculados com base no tempo da viagem, na sua distância e na procura pelo serviço naquela área.
Graf disse à Bloomberg que a empresa usa técnicas de aprendizagem computacional e algoritmos matemáticos para estimar o valor que os clientes estão dispostos a pagar num determinado trajeto e a uma determinada hora do dia. Assim, o mesmo trajeto à noite e de manhã pode ter preços diferentes, da mesma forma que quem se desloque entre zonas mais ricas de uma qualquer cidade, pagará mais do que quem se desloque em áreas com rendimentos mais diminutos, ainda que todos os outros fatores sejam idênticos.
Apesar de este novo sistema de inteligência artificial oferecer, na teoria, vantagens para os clientes, os motoristas da Uber acusam a empresa de ficar com o dinheiro extra que cobra, não refletindo o aumento das tarifas no valor que paga aos motoristas. Para vários analistas, a solvência da empresa, que registou perdas de cerca de 3 mil milhões de euros em 2016, pode estar exatamente nas receitas que conseguirá reunir com esta nova tecnologia, algo que a Uber já confirmou. Graf disse nessa mesma entrevista que as técnicas de preço das Uber se tornaram muito sofisticadas e vê a engenharia financeira como uma vantagem competitiva face a outros players do mercado, como a Lyft.
No entanto, a mesma fonte declara que a Uber não fica com a totalidade das receitas extra, reinvestindo grande parte deste montante em aumentar o número de viagens através do subsídio do seu serviço de partilha UberPool, e ainda no pagamento de bónus aos motoristas.
Chris Knittel, professor de Gestão no Massachusetts Institute of Technology, dos EUA, levanta algumas preocupações sobre o impacto que os novos modelos terão, não nos motoristas, mas nos clientes: “A sociedade aceita com facilidade que pessoas mais ricas paguem mais pelas suas viagens. Mas e se a contrapartida aos preço menores nas zonas mais pobres for esperas mais demoradas? É algo a que a Uber deve estar atenta…”
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