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Ucrânia: António Costa considera “inaceitáveis” concessões antes das negociações da paz

“Só a Ucrânia pode definir quando há condições para as negociações. Impor concessões antes das negociações é inaceitável”, disse António Costa, presidente do Conselho Europeu, num discurso na Conferência de Segurança de Munique.
Portuguese Prime Minister Antonio Costa speaks to the press as he attends a European Union leaders summit in Brussels, Belgium March 21, 2024. REUTERS/Johanna Geron/File Photo
15 Fevereiro 2025, 12h47

O presidente do Conselho Europeu considerou hoje “inaceitável” impor concessões antes de negociar a paz na Ucrânia e afirmou que uma “paz abrangente” não deve “premiar o agressor”, mas garantir que a Rússia não volte a ser uma ameaça.

“Só a Ucrânia pode definir quando há condições para as negociações. Impor concessões antes das negociações é inaceitável”, disse António Costa num discurso na Conferência de Segurança de Munique, na qual alertou que “uma paz abrangente não pode ser um simples cessar-fogo” nem “pode ​​dar à Rússia a oportunidade de atacar novamente. Não pode recompensar o agressor”, enfatizou.

Um futuro acordo de paz “deverá garantir que a Rússia deixe de ser uma ameaça para a Ucrânia, para a Europa, para os seus vizinhos. Que a Rússia deixe de ser uma ameaça à segurança internacional”, enfatizou.

Os comentários de António Costa sobre o que é conhecido do plano de paz que o Presidente norte-americano, Donald Trump, está a tentar aplicar serviram de introdução à mesa redonda sobre o apoio europeu à Ucrânia, que contou com a presença do Presidente checo, Petr Pavel, e das primeiras-ministras da Dinamarca, Mette Frederiksen, e da Suécia, Ulf Kristersson, bem como do presidente da CDU, Friedrich Merz.

Costa disse que a União Europeia (UE) continuará a apoiar a Ucrânia em todas as frentes, incluindo as negociações de paz e a disponibilização de “garantias de segurança”, e garantiu que os 27 agirão “melhor, mais fortes e mais rápidos” na construção de uma Europa de defesa.

Para Costa, uma “paz abrangente, justa e duradoura” significa que a paz na Ucrânia e a segurança da Europa “não podem ser separadas” porque, sublinhou, “a ameaça russa vai para além disso”.

Esta ameaça, continuou, “domina a Bielorrússia, tem uma presença militar na Moldávia e na Geórgia. Lança uma sombra sobre os Estados Bálticos, a fronteira leste da União Europeia, os nossos sistemas democráticos, as nossas infraestruturas críticas”.

A UE assumirá, por isso, plenamente as suas “responsabilidades” no futuro acordo de paz na Ucrânia e reiterou que “não haverá negociações credíveis e bem-sucedidas, nem uma paz duradoura, sem a Ucrânia e sem a União Europeia”.

O antigo primeiro-ministro português disse que desde fevereiro de 2022, quando a Rússia iniciou a invasão em massa da Ucrânia, a UE “não é a mesma de antes”, tendo nessa altura nascido “uma nova União Europeia geopolítica”.

A partir de então, a UE acelerou a sua expansão para os Balcãs Ocidentais e iniciou negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, ao mesmo tempo que decidiu reforçar a sua segurança energética ao desligar-se da Rússia, num “enorme esforço coletivo”.

Lembrou ainda que menos de um mês após o início da guerra, numa cimeira em Versalhes (França), todos os Estados-Membros decidiram avançar efetivamente a construção de uma Defesa Europeia.

“As nossas despesas com a defesa aumentaram 30% desde 2021. Os países da UE que estão na NATO gastam agora, em média, 2% em defesa. Juntos, atingimos o objetivo”, disse Costa, antes de prometer que a UE fará “mais” porque “a paz sem defesa é uma ilusão”.

Em março, disse, a Comissão Europeia e o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança apresentarão as primeiras propostas para se “agir melhor, mais forte e mais rapidamente na construção de uma Europa de defesa”.

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