O chanceler alemão, Friedrich Merz, desloca-se na sexta-feira a Bruxelas para discutir com o homólogo belga o plano da Comissão Europeia de aceder aos ativos congelados russos para financiar a Ucrânia, anunciou hoje o Governo de Berlim.
O líder alemão adiou uma viagem à Noruega, que estava agendada para o mesmo dia, para estar presente num “jantar privado” com o primeiro-ministro belga, Bart de Wever, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, indicou um porta-voz do Governo alemão.
“Quero discutir (…) como podemos avançar com a proposta, que a Comissão já traduziu em textos legais”, destacou Merz em conferência de imprensa na noite de hoje.
Na quarta-feira, o executivo europeu apresentou um plano de dois anos para financiar a Ucrânia, mas uma das opções consideradas — o acesso aos ativos russos congelados na Europa — continua a enfrentar a oposição do executivo belga.
A Bélgica acolhe a financeira Euroclear, que detém cerca de 210 mil milhões de euros dos ativos, de um total de 235 mil milhões de euros no espaço da União Europeia (UE).
Friedrich Merz disse que, apesar de levar as objeções da Bélgica “muito a sério”, pretende convencer o homólogo belga de que o caminho proposto “é o correto” para ajudar a Ucrânia.
De acordo com a proposta da Comissão Europeia, a Alemanha “seria um dos possíveis Estados garantes para a salvaguarda destes ativos”, observou.
“O meu objetivo não é apenas convencer o Governo belga, mas também todo o Conselho Europeu”, afirmou o chanceler alemão a propósito da cimeira, agendada para 18 e 19 de dezembro, que vê como “a última oportunidade deste ano” para se chegar a um acordo.
No final de outubro, os países europeus comprometeram-se a encontrar soluções para financiar a Ucrânia nos próximos dois anos e garantir que Kiev não fica sem recursos.
Merz assinalou hoje um consenso europeu no sentido de destinar os fundos congelados para apoiar a Ucrânia e suportar mais “dois ou três anos” de guerra, e não para beneficiar os Estados Unidos no contexto de uma possível reconstrução do país.
“Não vejo qualquer possibilidade de canalizar esse dinheiro para os Estados Unidos de qualquer forma. O Governo norte-americano sabe disso”, observou.
Estas iniciativas permitiriam à União Europeia cobrir aproximadamente 90 mil milhões de euros dos quase 136 mil milhões de euros de que a Ucrânia necessitará em ajuda financeira e militar entre 2026 e 2027, de acordo com as estimativas do Fundo Monetário Internacional.
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