As defesas aéreas russas podem intercetar mísseis de longo alcance com eficácia, disseram especialistas citados pela imprensa russa. Os mísseis podem ser abatidos pelos sistemas de terra-ar de longo alcance S-300 e S-400 durante o voo e pelos sistemas de defesa aérea S-350, Tor e Pantsir na sua trajetória de voo final. No entanto, as regiões russas de Smolensk, Kaluga, Lipetsk, Voronezh e Kursk, bem como a Crimeia e a região de Krasnodar, podem ser expostas ao uso de armas com alcance de 300 km pela Ucrânia, alertam especialistas.
Segundo as mesmas fontes, a Ucrânia intensificou recentemente os ataques de drones em território russo para realizar treinos antes do lançamento dos ATACMS norte-americanos. Mas os mísseis franco-britânicos Storm Shadow/SCALP são muito mais perigosos, pois podem voar em altitudes muito baixas, e o corpo do míssil é feito de materiais absorventes de rádio, o que reduz a probabilidade de deteção.
Foram estes, exatamente, que entraram em ação esta quarta-feira, com a Ucrânia a disparar mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow contra a Rússia, a mais recente nova arma ocidental que foi autorizada a usar em alvos russos um dia depois de disparar mísseis ATACMS dos EUA.
Fontes no local disseram que os mísseis atingindo a região de Kursk, onde pelo menos 14 grandes explosões podem ser ouvidas, mas um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que o seu gabinete não comentaria assuntos operacionais. O Reino Unido já tinha permitido que a Ucrânia usasse Storm Shadows dentro do território ucraniano, mas é a primeira vez que os engenhos são usados diretamente sobre território russo.
Por outro lado, o Departamento de Defesa dos EUA confirmou que o governo de Joe Biden autorizou o uso de minas terrestres antipessoal na Ucrânia. Os ucranianos comprometeram-se a não usar as minas em áreas povoadas por civis e a usar o mecanismo que as torna inertes após um período de tempo predefinido.
Com a tensão alta, os Estados Unidos fecharam a sua embaixada em Kiev na manhã de quarta-feira “por cautela” devido ao a ameaças de um ataque aéreo significativo. Uma sirene de ataque aéreo no início da tarde abalou a capital ucraniana. Mas a agência de espionagem militar disse que uma ameaça de ataques de drones e mísseis em grande escala em todo o país era falsa e acusou a Rússia de tentar semear o pânico.
Pelo sim pelo não, as embaixadas italiana e grega também fecharam as suas portas, enquanto a embaixada francesa permaneceu aberta, mas pediu aos seus cidadãos que fossem cautelosos.
Para aumentar ainda mais a tensão, surgiram notícias (nomeadamente na Reuters) que dizem que a linha direta especial anti-crise entre o Kremlin e a Casa Branca não está a ser usada, segundo avança o governo de Moscovo. A chamada linha direta entre Moscovo e Washington foi criada em 1963 para reduzir perceções errôneas que alimentaram a Crise dos Mísseis de Cuba de 1962, permitindo a comunicação direta erradas entre os líderes dos dois países.
Entretanto, como resultado de todas estas movimentações, os preços spot do urânio subiram 5% nos mercados internacionais, para os 84 dólares por libra. Os especialistas acreditam que o mercado reagiu à decisão do governo russo de limitar a exportação de urânio em resposta às restrições dos EUA às importações de combustível nuclear russo, que entraram em vigor no final do verão.
O combustível nuclear russo responde por cerca de 20% do consumo dos Estados Unidos e vai ser difícil substituir esses volumes rapidamente, explicou um especialista citado pela agência TASS. Muitos fornecedores não têm pressa em fechar o défice, esperando que os preços do urânio subam ainda mais.
As exportações russas destinadas aos Estados Unidos podem ser redirecionadas para a Ásia e o Médio Oriente, onde a corporação russa estatal de energia atómica Rosatom tem fortes laços. Índia, China e Irão serão os destinos mais prováveis – o que provavelmente fará com que as receitas russas daí decorrentes não sofram um grande abalo.
Do mesmo modo, o mercado de gás pode enfrentar escassez de oferta em 2025-2027. Os motivos prendem-se com atrasos no lançamento de novas instalações de produção de gás natural liquefeito (GNL) nos Estados Unidos, a possível interrupção do trânsito de gás russo pela Ucrânia e sanções contra projetos russos de GNL.
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