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Ucrânia: Putin lança maior ataque aéreo de sempre e diz-se preparado para negociações

Depois de ter dito que está pronto para fazer regressar a Istambul as negociações para um cessar-fogo com a Ucrânia, o Kremlin lançou, na madrugada de domingo, o maior ataque aéreo ao território ucraniano desde o início da guerra. A Rússia diz agora que não quer a Ucrânia na União Europeia.
Reuters
30 Junho 2025, 07h00

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que os termos de um potencial cessar-fogo, que o Kremlin tem até agora rejeitado repetidamente, deverão estar na ordem do dia: Moscovo está pronto para uma nova ronda de conversações de paz diretas com a Ucrânia. Em declarações em Minsk, onde participava numa reunião alargada do Conselho Económico Supremo da Eurásia, Putin disse que as autoridades russas e ucranianas estão a discutir o calendário de uma potencial nova reunião.

Mas, no dia seguinte, madrugada de domingo, o Kremlin fez o maior ataque aéreo contra a Ucrânia desde o início da invasão, com um total de 537 lançamentos, incluindo 477 drones e 60 mísseis, informou a força aérea ucraniana. Destes, 249 foram abatidos e 226 foram perdidos, provavelmente por terem sido eletronicamente bloqueados. Para além dos drones, a força aérea de Kiev identificou quatro mísseis Kh-47M2 Kinzhal, sete mísseis balísticos Iskander-M/KN-23, um dos quais foi abatido; 41 mísseis de cruzeiro Kh-101/Iskander-K, dos quais 33 foram abatidos e um desapareceu dos radares; cinco mísseis de cruzeiro Kalibr (quatro abatidos) e três mísseis antiaéreos S-300.

A guerra, portanto, não mostra sinais de abrandamento. As duas recentes rondas de conversações entre as delegações russa e ucraniana em Istambul foram breves e não produziram qualquer progresso num acordo de paz – apenas tendo conseguido aprovar duas trocas de prisioneiros.

A Ucrânia pretende que o próximo passo nas conversações de paz seja uma reunião entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e Putin, afirmou o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov. Mas, para os analistas, a sugestão parece não ter qualquer hipótese de acontecer de facto, dado que o presidente russo não se move da posição de que Zelensky não tem legitimidade para estar presente.

Seguindo no mesmo sentido, Vladislav Maslennikov, diretor do Departamento de Problemas Europeus do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse este fim-de-semana que a União Europeia está no caminho da militarização ativa e da oposição a Moscovo, razão pela qual a adesão da Ucrânia ao bloco não é do interesse da Rússia. “Não vejo razão para apoiarmos a ideia da Ucrânia ingressar na União Europeia, especialmente porque a UE está a caminhar para uma militarização ativa, praticamente impondo a tarefa de se opor constantemente à Rússia, inclusivamente em termos de resolução da crise ucraniana”, disse a um jornal do país. “Não se deve esquecer que a União Europeia tem um artigo no Tratado de Lisboa que não é menos significativo que o Artigo 5.º do Tratado de Washington sobre defesa coletiva na NATO. É por isso que a adesão da Ucrânia à União Europeia não atende aos nossos interesses”, acrescentou.

Por outro lado, no final da semana, o comandante militar supremo da Ucrânia, o general Oleksandr Syrskyi, afirmou que as forças ucranianas travaram o avanço da Rússia na região nordeste de Sumy e estabilizaram a linha da frente junto à fronteira russa. Syrskyi afirmou que o êxito da defesa em Sumy impediu a Rússia de deslocar cerca de 50 mil soldados, incluindo brigadas aéreas e marítimas de elite, para outras partes da linha da frente.

A Ucrânia está a utilizar novas contramedidas para parar os ataques combinados de mísseis e drones por parte da Rússia: em vez de confiar em equipas móveis terrestres, as tropas estão a utilizar drones intercetores desenvolvidos pela indústria do próprio país.

Entretanto, o chefe da espionagem russa, Sergei Naryshkin, disse este domingo que conversou com o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), John Ratcliffe, e que ambos concordaram em estabelecer comunicação direta em caso de necessidade. A CIA e o Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR), sucessor da famosa Primeira Diretoria da KGB, recorreram a campanhas públicas para recrutar agentes após a invasão russa da Ucrânia em 2022. “Tive uma conversa telefónica com o meu homólogo norte-americano e reservamos a possibilidade de ligar um para o outro a qualquer momento e discutir questões do nosso interesse”, disse Naryshkin.

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