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UE/Presidência: Portugal garante dados protegidos em lei da privacidade ‘online’ após reservas de Bruxelas

A presidência portuguesa da União Europeia (UE) garantiu hoje que a proposta de Portugal em discussão no Conselho para revisão das regras de privacidade nas comunicações eletrónicas assegura “a proteção de dados pessoais”, após Bruxelas ter manifestado reservas.
22 Março 2021, 21h02

Numa entrevista à agência Lusa e outros meios de comunicação social europeus em Bruxelas divulgada na passada sexta-feira, a vice-presidente executiva da Comissão Europeia Margrethe Vestager afirmou ter “reservas” sobre a proposta da presidência portuguesa da UE relativamente à privacidade ‘online’, mas saudou o arranque das negociações sobre esta legislação, paradas há quatro anos.

Reagindo em resposta escrita a essas declarações, enviada à Lusa, a presidência portuguesa da UE salienta que “o futuro regulamento ‘ePrivacy’ encontra-se estreitamente ligado ao Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados [RGPD]”, dado “manter o mesmo e elevado nível de proteção da vida privada e proteção de dados pessoais nas comunicações eletrónicas”.

Vincando que este é um dos dossiês prioritários na área do digital para Portugal este semestre, a presidência portuguesa reforça que, nas novas regras para comunicações eletrónicas (como aplicações de mensagens instantâneas), “são plenamente aplicáveis todos os princípios gerais estabelecidos no RGPD, como por exemplo o princípio da finalidade, princípio da responsabilidade ou o princípio da minimização e conservação de dados”.

“Estas e outras preocupações vertidas na proposta da presidência portuguesa foram interpretadas positivamente pela esmagadora maioria dos Estados-membros do Conselho da UE, que assim aprovou um mandato para iniciarmos as negociações com o Parlamento Europeu, contando para o efeito apenas com duas abstenções”, salienta.

A presidência portuguesa detalha ainda que tanto na legislação conhecida como ‘ePrivacy’ como no RGPD são definidas as “condições de prestação do consentimento do utilizador”, as “bases legais para realizar o tratamento de dados” e ainda a “obrigatoriedade de designação de um representante na UE por parte dos prestadores de serviços sedeados fora do território da UE”.

Na entrevista à Lusa e outros ‘media’ em Bruxelas, Margrethe Vestager admitiu ter “algumas reservas relativamente ao acordo do Conselho”, por considerar que “parte desse acordo [que tem por base uma proposta de Portugal] não está totalmente em linha com o RGPD”.

Questionada na ocasião pela Lusa sobre as discussões em curso, a vice-presidente executiva da Comissão Europeia notou que “se chegaria a uma situação muito confusa se houvesse um Regulamento Geral de Proteção de Dados e uma legislação do ‘ePrivacy’ sem as duas leis estarem alinhadas”.

“Não é suposto desempenharem o mesmo papel, mas devem estar alinhadas e vamos trabalhar nessa questão”, frisou.

Ainda assim, a responsável adiantou que “a mensagem importante a retirar” do acordo conseguido por Portugal no Conselho “é que as coisas estão, finalmente, a acontecer e a avançar e era isso que era necessário”, após quatro anos de bloqueio.

Em meados de fevereiro, o Conselho da UE aprovou o arranque da revisão das regras sobre a privacidade nas comunicações eletrónicas, que visa aumentar a proteção ‘online’ dos utilizadores, mandatando assim a presidência portuguesa para negociar com o Parlamento Europeu.

A proposta portuguesa aprovada pelo Conselho, e à qual a Lusa teve acesso, referia que o objetivo é dar seguimento à proposta de regulamento sobre privacidade e comunicações eletrónicas adotada pela Comissão Europeia em 2017 e que prevê uma revisão da lei de 2002.

Caberá agora ao Conselho e ao Parlamento Europeu negociar os termos do texto final, em articulação com a Comissão Europeia.

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