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Um projecto e uma equipa com vontade de trabalhar

É preciso assumir que na política madeirense existe uma necessidade de renovação de caras, de sangue novo e vontade redobrada na defesa das suas convicções. Isto passa por todos os quadrantes políticos. Deve haver uma aposta no mérito ao escolher e promover os melhores para estarem na linha da frente na defesa e construção de um futuro que nunca acaba, pois existe sempre algo mais a fazer, a idealizar e concretizar.
22 Dezembro 2020, 07h15

Uma unidade hospitalar no Porto Santo será realidade e está inscrita no Orçamento Regional de 2021. Não posso começar a abordar as autárquicas do próximo ano sem antes recordar o primeiro artigo no Jornal Económico (“Porto Santo 2030”) onde levantei questões sobre o tipo de turismo que pretendemos na ilha do Porto Santo e a capacidade dos cuidados de saúde oferecidos, quer para quem visita mas também para a população residente. Desta maneira damos um enorme salto qualitativo com um investimento desejado pelos profissionais da saúde e pela população do Porto Santo.

O próximo ano será marcado, num primeiro momento, pelas eleições à Presidência da República e depois do verão pelas eleições autárquicas. São estas últimas que suscitam maior interesse. O motivo é óbvio e fácil de explicar pois são as eleições que definem quem lidera o sítio onde crescemos ou escolhemos como casa para viver. São eleições que nos dizem muito e diria até que são eleições muito pessoais na medida em que uma junta de freguesia ou um executivo camarário estão na linha da frente para o desenvolvimento de cada concelho, mas também na reivindicação de mais e melhor junto do governo regional. Cada um tem a sua ideia de desenvolvimento para o seu concelho e a conjugação entre a equipa e os projectos apresentados define a vitória para uns e a derrota para outros.

Não existe a equipa nem o candidato perfeito mas existem questões como a atitude e a vontade de levar um projecto a bom porto que fazem toda a diferença. É preciso assumir que na política madeirense existe uma necessidade de renovação de caras, de sangue novo e vontade redobrada na defesa das suas convicções. Isto passa por todos os quadrantes políticos. Deve haver uma aposta no mérito ao escolher e promover os melhores para estarem na linha da frente na defesa e construção de um futuro que nunca acaba, pois existe sempre algo mais a fazer, a idealizar e concretizar. É necessário que exista uma noção de exigência máxima no exercício de funções e aquilo que deve ser encarado como um acto de disponibilidade e entrega não pode acabar num desfile de vaidades.

É fundamental que comecemos a desprezar e a afastar a mediocridade e complacência daqueles que não conseguem distinguir os momentos sérios e os momentos de brincadeira. Enquanto uns preparam o futuro, procuram projectar o ideal de desenvolvimento ou até mesmo, como superar adversidades que já deveriam ter sido ultrapassadas, outros tentam dividir através do gozo puro e atribuindo sempre más intenções aos outros sem respeitar o caminho que cada um quer seguir e as convicções que tem. Que em 2021 possamos assistir a campanhas construtivas no sentido em que cada um tenta fazer prevalecer o seu projecto esperando obter o maior número de votos do eleitorado. Temo que isso não aconteça pois em alguns concelhos já existem indícios de que o debate será nivelado por baixo. Na vida e na política não vale tudo.

As questões são demasiado simples e devem ser feitas em campanha pelos eleitores. O Plano Director Municipal, por exemplo, é um instrumento fundamental na gestão do território, que vai prever os sítios onde é fundamental preservar a natureza ou onde é permitido construir e de certo modo projectar investimentos de relevo para o futuro de cada concelho. Quem é capaz de assumir com empenho e seriedade este dossier? E dada a situação social e económica menos favorável causada pela pandemia, em quem poderemos confiar para, com muita mestria e imaginação, tomar pulso sem resguardar-se na desculpa fácil da falta de verbas para apoiar quem mais necessitar? Se não questionamos nem formos exigentes, acabamos aceitando qualquer coisa e não estamos em alturas de quaisquer coisas, como se o exercício da política fosse uma brincadeira.

Um projecto político é tão ou mais importante que o próprio candidato, até porque um cabeça de lista é visto, pelo menos para mim, como a pessoa mais capaz para desenvolver um projecto colectivo. Temos a responsabilidade de aferir quem quer usar a política para o desenvolvimento de projectos pessoais e servir-se dela para outros interesses que não os mesmos da população.

E assim combatemos o dito populismo, dando prioridade a quem quer de facto fazer acontecer.

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