É, infelizmente, demasiado vulgar vermos pessoas com responsabilidades imensas e de tempo escasso, desperdiçando-o com abordagens pontuais, casuísticas e de baixa complexidade.

O desafio que aqui trazemos aos responsáveis pela condução das famílias empresárias, das empresas familiares e dos processos de decisão que lhes são imanentes, é o de fazerem uma abordagem holística da realidade em que vivem e da qual são, em maior ou menor escala, responsáveis.

Dir-se-á que este será um desafio de qualquer responsável – e é verdade! No entanto, no universo empresarial familiar esta abordagem ganha uma nova dimensão e um novo alcance.

Como se sabe, a abordagem holística é aquela que assenta numa visão integral dos fenómenos, ou seja, em que o todo determina o comportamento das partes, sendo que estas, ou o seu somatório, não são suficientes para caracterizar/compreender um ser vivo, uma organização ou uma realidade social. Ou, como há mais de dois mil anos ensinou Aristóteles: “O todo é maior do que a simples soma das partes”.

Ora, estas considerações assumem especial importância no tema que aqui abordamos. Vejamos alguns exemplos. Os accionistas, antes de o serem, são irmãos, primos, cunhados, ex-cônjuges, etc.; as alterações na gestão serão sempre avaliadas do duplo prisma familiar e profissional; os processos de sucessão na liderança das organizações podem, com frequência, confrontar afectos com a razão.

Os momentos de mudança da titularidade do património confrontar-se-ão frequentemente com as idiossincrasias da natureza humana e a compreensível vontade individual de fazer diferente. Poderíamos, certamente, continuar neste enumerar de questões que resultam da relação e da interacção dos vários actores presentes neste palco.

Acontece que, estando nós na época estival, talvez os interessados a possam aproveitar para, desligando do dia-a-dia, fazer a reflexão holística que começámos por referir. Voltaremos a ela na próxima crónica.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.