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União Europeia aprova plano ‘Rearmar a Europa’ apresentado pela Comissão

Os líderes dos 27 Estados-membros, reunidos na cimeira de Bruxelas, deram a sua aprovação ao plano para fortalecer a defesa comum. Entretanto, o presidente da Ucrânia vai a Riad para se encontrar com representantes dos EUA.
von der leyen antónio Costa UE
6 Março 2025, 21h05

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs um plano a que chamou ‘Rearmar a Europa’ que ao cabo de muitas horas de reunião foi finalmente aprovado pelos 27 Estados-membros – e que prevês um investimento da ordem dos 800 mil milhões, incluindo 150 mil milhões em empréstimos. O Conselho Europeu “sublinha a necessidade de aumentar substancialmente os gastos com defesa” , de acordo com o texto de uma declaração conjunta citada pela agência AFP.

Várias opções estão a ser consideradas, nomeadamente a possibilidade de os Estados-membros aumentarem significativamente os seus gastos militares sem que isso seja levado em consideração no cálculo do défice de cada um deles, em princípio limitado a 3% do PIB. Esta possibilidade poderá permitir a libertação de cerca de 650 mil milhões de euros ao longo de quatro anos, garantiu a Comissão Europeia – que, de qualquer modo, não vão desaparecer: em alguma altura e de alguma forma, terão de ser pagos. A Comissão Europeia também quer disponibilizar aos Estados-membros cerca de 150 mil milhões de euros na forma de empréstimos para ajudar a financiar conjuntamente investimentos em sua defesa.

Esses fundos devem ser usados ​​para investimentos conjuntos, entre pelo menos dois Estados-membros, em áreas onde as necessidades são mais urgentes, como defesa antiaérea, mísseis, drones e sistemas antidrones, e sistemas de artilharia. E, assegura von der Leyen, com este equipamento, “os Estados-membros poderão aumentar enormemente a sua ajuda à Ucrânia”.

O bloco dos 27 acolheu a iniciativa e disse que a examinaria “como uma prioridade” o plano de von der Leyen – mas aparentemente, e pelo que se pode perceber pela AFP, ainda faltam muitas decisões em torno desse plano.

O presidente ucraniano, presente na cimeira, disse entretanto que vai encontrar-se com uma delegação norte-americana na Arábia Saudita. Volodymyr Zelensky anunciou a visita para a próxima segunda-feira. Nas redes sociais, o presidente ucraniano escreveu que “na próxima segunda-feira, planeio ir à Arábia Saudita para me encontrar com o príncipe herdeiro”. Depois disso, a equipa ucraniana “permanecerá na Arábia Saudita para trabalhar com os nossos parceiros americanos. A Ucrânia está muito interessada na paz. Como dissemos a Donald Trump, a Ucrânia está a trabalhar e continuará a trabalhar construtivamente por uma paz rápida e confiável.

O encontro já tinha sido antecipado. O chefe da presidência ucraniana, Andriy Yermak, deve liderar a delegação do seu país à capital saudita, Riad, que também pode incluir o ministro da Defesa, Rustem Umerov, para um encontro com uma delegação norte-americana onde deverá estar o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff. O contexto do encontro é que Donald Trump ficou satisfeito com a carta que lhe foi enviada por Volodymyr Zelensky. “Acho que o presidente sentiu que a carta de Zelensky foi um primeiro passo muito positivo. Houve desculpas. Houve um reconhecimento de que os Estados Unidos fizeram muito pela Ucrânia e há um sentimento de gratidão”, disse Witkoff.

Falando perante o Conselho de Relações Exteriores, um think tank norte-americano, Keith Kellogg, enviado dos EUA para a Ucrânia e a Rússia, comentou a altercação entre Volodymyr Zelensky, Donald Trump e J. D. Vance na sexta-feira na Casa Branca, que disse ter sido a fonte da suspensão da partilha de inteligência entre Kiev e os Estados Unidos. Perante a dúvida de que a suspensão é uma concessão muito significativa dada à Rússia, Kellogg disse que “realmente parece ter um impacto direto no que a Ucrânia pode fazer no campo de batalha. Honestamente, eles [a Ucrânia] pediram isso”.

Segundo o enviado especial, os ucranianos e os norte-americanos concordaram que a abertura de portas à imprensa foi “como um evento encenado” que acabou numa conferência de imprensa muito combativa que apanhou todos de surpresa. As negociações de paz não são negociadas em público. Não se tenta desafiar o presidente dos Estados Unidos na Sala Oval. E Zelensky foi avisado. Portanto, não culpo o presidente dos Estados Unidos de forma alguma”.

Já o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, antecipava uma visão mais ‘desculpabilizante’ da tumultuosa conferência de imprensa: disse estar “cautelosamente otimista” sobre a matéria. “As coisas podem evoluir de forma positiva”, disse em Bruxelas, referindo-se em particular à carta enviada pelo presidente ucraniano ao seu homólogo norte-americano já depois do embate na Sala Oval, na qual Zelensky afirma que o seu país está pronto para negociar, depois de ter expressado seu pesar pela altercação. “O facto de os Estados Unidos e a Ucrânia estarem a discutir caminhos a seguir é um desenvolvimento positivo”, acrescentou.

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