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Universidades e politécnicos queixam-se da demora nos vistos a estudantes estrangeiros

A demora na atribuição de vistos a que o Jornal Económico deu relevo há três meses está a dificultar a vinda para Portugal de estudantes de países extra-comunitários, incluindo todos os países de língua oficial portuguesa. O problema é levantado de novo esta quinta-feira pelo jornal Público.
12 Dezembro 2024, 10h34

O jornal “Público” levanta esta quinta-feira o problema da demora dos vistos a estrangeiros que querem estudar em Portugal, adiantando que a queixa chegou ao Governo.

Numa longa reportagem assinada por Ana Isabel Ribeiro, que faz manchete, responsáveis de universidades e politécnicos, públicos e privados são unânimes: “Alunos estrangeiros perdem meses à espera de visto para estudar em Portugal”.

O problema tem barbas e envolve países fora da União Europeia. Em setembro, Maria de Lurdes Rodrigues, reitora do ISCTE,  considerou ao Jornal Económico que é uma “questão crítica, sensível” que, “coloca questões de segurança”, mas “as universidades colaboram com as autoridades nacionais para resolver o problema dos vistos”.

Segundo a reitora do ISCTE, os problemas colocam-se sobretudo ao nível dos consulados. “Muitos não estão preparados para a afluência de estudantes de fora do espaço europeu que pretendem vir para a Europa e para Portugal”. Seria importante, adiantou Maria de Lurdes Rodrigues ao JE que os consulados se tornassem “mais ágeis e mais centrados nesta nossa necessidade de internacionalização e de atrair alunos de todo o mundo”

Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro e presidente do CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) disse ao Público que na sua Universidade, este atraso é também um obstáculo para os investigadores estrangeiros contratados: muitos não conseguem visto e desistem do cargo. “É mau para eles e para a universidade. E o problema não é só o atraso na emissão dos vistos. Se, eventualmente, estas pessoas precisarem de regressar ao país de origem, por exemplo, em caso de urgência familiar, não podem. Há demasiada burocracia que tem de ser resolvida” afirmou Paulo Jorge Ferreira ao Público.

Por seu turno, Orlando Rodrigues, presidente do Politécnico de Bragança, adiantou ao jornal que os mais afetados pelos atrasos dos vistos são os estudantes que vêm do Brasil, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Guiné, onde, afirma, “é praticamente impossível conseguir autorização a tempo”.

José Manuel Silva, da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP), disse ao Público ter conhecimento de mais de 60 alunos internacionais que aguardam por um visto para fazerem mestrado em Portugal. A situação, adiantou, é mais preocupante na Índia, já que o consulado português em Nova Deli tem pendentes “dezenas de vistos de estudantes universitários”, sem resposta.

Segundo este responsável, a APESP está há meses a pedir uma audiência ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, mas sem resposta até à data e  promete avançar para o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

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