O romancista, poeta, dramaturgo e ensaísta é homenageado por José Jorge Letria na edição comemorativa de “O Livro Aberto de Uma Vida Ímpar”.
Urbano Tavares Rodrigues faria, no próximo mês de dezembro, 100 anos. E é esse centenário que se celebra na edição comemorativa de Urbano Tavares Rodrigues: “O Livro Aberto de Uma Vida Ímpar”.
A obra resulta da transcrição da longa entrevista biográfica concedida a José Jorge Letria em 2013, em que, além do seu percurso de vida, é revelado um olhar preocupado sobre questões como a infância, as decisões de vida, a atualidade e o futuro dos jovens, tão pertinentes hoje quanto há dez anos.
Esta nova edição tem a chancela da Guerra e Paz e o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores, e conta com prefácio atualizado de José Jorge Letria. Estará disponível, quer na rede livreira nacional, quer no site da editora, a partir do próximo dia 12 de setembro.
“Defensor dos valores da lealdade e da coragem cívica […] o Urbano que reencontramos neste livro é o grande criador literário e o amigo de sempre. Era um homem bom, generoso e combativo e um grande escritor que deixou uma obra de referência que é preciso reler sempre com entusiasmo e gosto”. É desta forma que José Jorge Letria homenageia o extraordinário legado de Urbano Tavares Rodrigues no prefácio que inaugura esta nova edição de “O Livro Aberto de Uma Vida Ímpar”.
Na obra o romancista, poeta, dramaturgo e ensaísta fala-nos do seu percurso de vida, da infância à idade adulta, da política à literatura. “Foi uma infância feliz em que tive um grande contacto com a natureza, e isso tinha uma grande, grande carga poética. Só comecei a tomar consciência da realidade social aí pelos meus oito ou nove anos. Então, comecei a dar-me conta das desigualdades horríveis, da miséria, da violência da Guarda Republicana na repressão de coisas tão incríveis como o roubo de um molho de lenha”.
Recorda-se ainda, nesta conversa com Letria, episódios, figuras e factos, a nossa História dos últimos 50 anos. “Eu leio o ‘Cinco Dias, Cinco Noites’ e digo: “Isto é uma maravilha, Maria Eugénia”, e entrego-lho. Portanto, eu passo a ser a primeira pessoa que sabe que o Álvaro Cunhal é o Manuel Tiago, e um dia disse-lhe: “Ó Álvaro, eu sei que o Manuel Tiago és tu.” “Como é que tu sabes?”, perguntou-me ele, surpreendido, e eu disse-lhe: “Ora, por isto, por isto e por isto…”, e ele riu-se”.
Urbano Tavares Rodrigues não só se expõe sem medos ou reticências, como ilumina, demonstrando sempre determinação e, sobretudo, independência e pensamento livre. “Embora eu partilhasse com eles (neo-realistas) a visão socialista do mundo e do futuro, a minha vida não era a visão marxista da sociedade sem classes. A estética era completamente diferente, porque a estética dos neo-realistas é a do herói coletivo e, realmente, na minha obra, embora o povo tenha uma presença muito forte, o herói é sempre o herói individual que se interroga, que é solidário e que luta pelos outros e com os outros, mas que é sempre um eu interrogativo”.
Ao prefácio atualizado, esta nova edição acrescenta o poema ‘Urbano’, uma carta de afeto, que José Jorge Letria dedica a Tavares Rodrigues e fotografias do percurso de vida do homenageado. “Lembras-te, Urbano, de tudo o que vales / para nós que te lemos e estimamos, / geminados nesse amor à vida / que se tornou laborioso amor à escrita, / coração altaneiro e livre a marcar o ritmo / de tudo o que ainda nos falta descobrir?”.
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