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Valor do R está acima de 1 em todas as regiões, com exceção de Lisboa e Vale do Tejo (com áudio)

Entre as regiões com maior velocidade de crescimento do número de novos casos estão o Norte e o Alentejo, sendo que o Algarve, a Madeira e os Açores já têm um R acima de 1.
  • António Pedro Santos / Lusa
13 Abril 2021, 11h31

O risco de transmissibilidade, vulgarmente comunicado como R, está acima de 1 em todas as regiões do país, com exceção de Lisboa e Vale do Tejo, revelou esta terça-feira, 13 de abril, Baltazar Nunes, responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do Instituto Ricardo Jorge (INSA) durante a reunião do Infarmed.

Os dados referem-se à semana entre 4 e 8 de abril, sendo que se verificou uma média de 595 casos incidentes por dia, e uma média de R que se fixou em 1,05. O último valor concreto a que o INSA teve acesso foi no passado dia 8 de abril, quando o risco de transmissibilidade estava a 1,09 em Portugal, enquanto na última reunião do Infarmed se tinha fixado em 0,89.

De acordo com o responsável, o valor do R atingiu o valor mais baixo, de 0,61, no início de fevereiro, sendo que desde então “tem tido um comportamento de aumento sistemático”.

Na última reunião, Baltazar Nunes sustentou que Portugal estava a 30 dias para o número de casos passar para metade, enquanto atualmente Portugal está a 35 dias para o número de casos passar para o dobro. Esta alteração “revela uma situação diferente”, nomeadamente “uma inversão da tendência, que está agora em fase de crescimento”.

O responsável do INSA adianta ainda que Portugal deve superar a margem dos 120 casos por 100 mil habitantes dentro de duas semanas a um mês. Entre as regiões com maior velocidade de crescimento do número de novos casos estão o Norte e o Alentejo, sendo que o Algarve, a Madeira e os Açores já têm um R acima de 1. “Lisboa e Vale do Tejo está com taxa de crescimento praticamente nula e não tem risco de atingir os 240 casos por 100 mil habitantes tão cedo”, assumiu Baltazar Nunes.

Relativamente à incidência nas faixas etárias, o INSA admitiu que se verificou um “aumento muito significativo nos grupos etários abaixo dos nove, principalmente nos cinco e seis anos”. Também se tem verificado um aumento da incidência entre os 25 e os 70 anos, enquanto as faixas etárias acima dos 75 anos têm apresentado uma manutenção da incidência em baixa, o que significa um “sinal muito positivo”.

Comparando o nível de incidência entre março e abril de 2021 e setembro e outubro de 2020 durante a reabertura das escolas e creches, Baltazar Nunes evidencia que as “situações epidemiológicas são diferentes”, dado que em outubro a pandemia se encontrava em fase de crescimento em Portugal e em abril estava com uma descida da incidência, com a situação agora a inverter-se. “Na última semana observou-se o estabilizar da incidência na faixa etária mais reduzida [0 a 9 anos], mas um aumento da incidência dos 15 aos 19 e dos 10 aos 14 anos”, notou o responsável.

Ainda em fase de comparação com o conjunto de países da União Europeia com Portugal, Baltazar Nunes apontou que a tendência se reverteu face à última reunião do Infarmed, que se realizou a 23 de março. Na última reunião, Portugal contava com um R abaixo de 1 e uma tendência decrescente, enquanto os países tinham o R acima de 1 e uma tendência crescente.

Esta alteração da tendência deve-se então às “medidas implementadas na Europa, depois de terem sido alcançados números muito elevados”, apontou o responsável pela Unidade de Investigação Epidemiológica do INSA.

De forma ao Governo tomar uma decisão consciente face aos dados apresentados, Baltazar Nunes explicou que Portugal deve ter em conta “o facto da mobilidade estar a aumentar, o R estar acima de 1, o nível de incidência por concelho e região e a distribuição da incidência por grupo etário”.

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