Mais milhões gastos do que na época passada, um recorde absoluto de investimento, menos receitas em transferências e um saldo entre compras e vendas historicamente baixo, apesar de positivo. Assim se resume a janela de verão para a Liga portuguesa, um mercado em que o saldo entre receitas e despesas se manteve positivo, mas foi drasticamente reduzido face aos números atingidos na época passada (2024/25). De acordo com o site especializado em transferências de futebol, “Transfermarkt”, é possível verificar que os 18 clubes da Liga gastaram 337 milhões de euros em transferências, um recorde absoluto de investimento. Nunca Portugal tinha superado os 300 milhões de euros na contratação de futebolistas e o recorde anterior tinha sido atingido em 2023/24, época em que foram investidos 282,8 milhões de euros. Do lado das receitas (obtidas pelos clubes nacionais até ao fecho de mercado, sendo que este valor deverá crescer uma vez que ainda há mercados que podem contratar em Portugal), uma má notícia para o futebol português: o montante arrecadado de 356,6 milhões de euros é o mais baixo desde a temporada 2021/22, época em que os clubes no seu conjunto apenas conseguiram acrescentar 246,4 milhões de euros às suas contas. Face à temporada passada, os clubes nacionais gastaram mais 60,5 milhões de euros e perderam 232,5 milhões de euros em receitas com transferências. Se a Liga portuguesa não regista um saldo negativo entre compras e vendas desde a temporada 2008/09, a verdade é que esta janela de mercado terminou com o mais baixo saldo entre receitas e despesas com transferências desde a época 2011/12 (altura em que o saldo foi de 14 milhões): entre compras e vendas, o balanço é de 55,5 milhões de euros quando na época passada esse valor tinha sido de 312,6 milhões de euros. A última vez que o saldo entre compras e vendas tinha descido abaixo dos 100 milhões de euros foi na época 2020/21, em plena pandemia. Mesmo assim, na altura os clubes obtiveram um saldo de 93,8 milhões de euros.
Grandes ignoram Liga
Na janela de transferências em que os três grandes do futebol português ficaram muito perto de chegar aos 300 milhões de euros (297,9 milhões de euros) de investimento, “leões”, “águias” e “dragões” ignoraram quase por completo os restantes clubes da Liga portuguesa no que diz respeito a alvos de mercado.
Curiosamente, o único clube português que viu algum dinheiro proveniente de um grande emblema nacional foi o Amora, num negócio referente à aquisição de 75% do passe futebolístico de Geny Catamo por 3,2 milhões de euros, cuja totalidade do passe pertence agora ao Sporting CP. Fora esse negócio, cuja negociação já durava há vários meses, nenhum outro clube português lucrou com o investimento voraz que os grandes fizeram neste mercado com SL Benfica e FC Porto a investirem mais de 100 milhões de euros.
Países Baixos ameaçam
A principal liga inglesa, a mais atrativa do mundo em termos comerciais, fechou este verão a janela de transferências mais onerosa de sempre mas também a mais lucrativa: investiu 3,5 mil milhões (muito mais do que as outras ‘Big5’ juntas) e arrecadou dois mil milhões de euros.
Nas ligas de segunda dimensão, nas quais se insere a Liga portuguesa, é importante notar a evolução das compras e vendas em Portugal e na principal liga dos Países Baixos, a Eredivisie. E é importante essa comparação uma vez que esta é a liga que está imediatamente acima de Portugal no ranking da UEFA, que define quantas equipas entram nas competições europeias. Nos Países Baixos, o investimento na contratação de jogadores cresceu 109,3 milhões de euros para 219 milhões (como referido, o investimento em Portugal subiu 61 milhões de euros para 337,8 milhões). Além disso, a Eredivisie conseguiu suplantar as vendas dos clubes em Portugal com um crescimento de 64,5 milhões de euros para 362 milhões. Note-se que os 18 clubes da Liga viram esse volume de vendas descer de forma vertiginosa: quebra de 231,5 milhões de euros para 356,6 milhões.
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