[weglot_switcher]

Venezuela: EUA acusam regime de Maduro de “distorcer grosseiramente” processo eleitoral

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou esta segunda-feira o regime de Nicolás Maduro de “distorcer grosseiramente” o processo eleitoral nas eleições regionais e municipais de domingo, denunciando prisões arbitrárias de mais de 250 pessoas.
22 Novembro 2021, 22h01

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou esta segunda-feira o regime de Nicolás Maduro de “distorcer grosseiramente” o processo eleitoral nas eleições regionais e municipais de domingo, denunciando prisões arbitrárias de mais de 250 pessoas.

“Com medo da voz e do voto dos venezuelanos, o regime distorceu grosseiramente o processo para determinar o resultado desta eleição muito antes de qualquer votação ter sido realizada”, salientou, em comunicado, o secretário de Estado da administração de Joe Biden.

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) ganhou 20 dos 23 estados do país, nas eleições regionais e municipais, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Antony Blinken referiu que o regime liderado pelo Presidente da Venezuela Nicolás Maduro “privou os venezuelanos, mais uma vez, do seu direito de participar de um processo eleitoral livre e justo”.

E apontou prisões arbitrárias e assédio de atores políticos e da sociedade civil, criminalização das atividades dos partidos da oposição, proibições de candidatos em todo o espectro político, manipulação de listas de eleitores, censura persistente da comunicação social e “outras táticas autoritárias”.

“Ao prender arbitrariamente mais de 250 indivíduos por motivos políticos, negar aos venezuelanos os seus direitos de expressar livremente as suas opiniões e escolher os seus próprios líderes e restringir o acesso dos venezuelanos a informações precisas, Maduro rouba aos venezuelanos a oportunidade de moldar seu próprio futuro”, vincou.

O secretário de Estado instou também o regime de Maduro a “cessar a sua repressão e permitir que os venezuelanos vivam no país pacífico, estável e democrático que merecem e há muito procuram”.

Numa mensagem de apoio ao povo da Venezuela que deseja “uma restauração pacífica da democracia através de eleições livres e justas”, Blinken elogiou “os partidos políticos e candidatos, bem como os eleitores que decidiram participar deste processo apesar das suas falhas, para preservar e lutar por um espaço democrático tão necessário”.

Blinken garantiu também que a administração de Joe Biden continua a apoiar “o restaurar da democracia” no país e “os esforços da oposição democrática venezuelana e do presidente interino, Juan Guaidó”.

“Continuaremos a trabalhar com os parceiros venezuelanos e internacionais, usando todas as ferramentas diplomáticas e económicas disponíveis, para pressionar pela libertação de todos os detidos injustamente por motivos políticos, a independência dos partidos políticos, o respeito pela liberdade de expressão e outros direitos humanos universais, e um fim das violações dos direitos humanos”, concluiu.

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, atribuiu na segunda-feira a vitória nas eleições regionais e municipais de domingo à perseverança e consciência dos eleitores e anunciou que convocará o Conselho de Governo, no qual espera que participem também os opositores eleitos.

Além de vencer 20 dos 23 estados, o PSUV obteve ainda 58,93% dos votos para a Câmara Municipal de Libertador, o maior município de Caracas, a capital do país.

Os dados, correspondentes ao primeiro boletim oficial, foram divulgados pelo presidente do CNE, Pedro Calzadilla, e revelaram ainda que a oposição venezuelana conseguiu apenas três estados: Cojedes, Zúlia e Nova Esparta.

Segundo Pedro Calzadilla, participaram nas eleições 8.151.793 eleitores, que correspondem a uma participação de 41,80% dos cidadãos recenseados, quando estão apuradas 90,21% das mesas eleitorais.

A abstenção foi de 58,2%, superior aos 38,97% registados nas eleições regionais de 2017.

Segundo o CNE, foram apresentadas 70.244 candidaturas, incluindo dos principais partidos de oposição, que no passado apelaram ao boicote dos processos eleitorais, considerando não existirem garantias de transparência.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.