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Věra Jourová: “Temas como a imigração não são fáceis de defender por parte dos Estados democráticos”

A vice-presidente da Comissão Europeia para os Valores e Transparência expressou grande preocupação com a Europa no evento “Estado da União”, que decorre em Florença e que o JE acompanha presencialmente. “Próximas eleições europeias são autêntico teste de stress”, sublinha Věra Jourová.
Comissária Europeia para a Justiça, Věra Jourová
24 Maio 2024, 10h33

A União Europeia está sob “ataque permanente” e enfrenta um verdadeiro teste de stress com a realização das próximas eleições para o Parlamento Europeu que vão decorrer a 9 de junho. A opinião foi partilhada esta sexta-feira por Věra Jourová, vice-presidente da Comissão Europeia para os Valores e Transparência, no evento “Estado da União”, que decorre em Florença e que o JE acompanha presencialmente.
A responsável europeia, que esteve em Portugal no passado mês de abril para aquela que designou de “digressão pela democracia”, não tem dúvidas em afirmar: “Estamos sob ataque permanente e são várias as ameaças: manipulação, espionagem, ciberataques e corrupção”.
Reconhecendo que “muito tem sido feito” nos últimos anos, esta dirigente natural da República Checa realça que “agora vamos passar por um teste de stress nas próximas eleições; as eleições deviam ser uma festa da democracia mas podemos esperar interferência externa”, lamentou.
“Estamos sob ataque permanente e são várias as ameaças: manipulação, espionagem, ciberataques e corrupção”
Desafiada a estabelecer diferenças para as eleições de 2019, Věra Jourová realça que foram identificadas novas ameaças: “Aumentamos a proteção contra ciberataques mas a desinformação continua a ser um problema e agora usa Inteligência Artificial, ou seja, já não devemos ter tantos trolls a trabalhar a partir em São Petersburgo”, salientou.
A vice-presidente da Comissão Europeia espera que Ursula von der Leyen seja a próxima presidente da Comissão Europeia mas não tem dúvidas que são muitos os desafios que se colocam e que “a batalha da desinformação vai exigir um grande trabalho de cooperação”.
“É fácil apontar responsabilidades ao Kremlin ou à Meta mas temos que olhar para nós próprios. Putin não consegue falar para as populações dos países ocidentais, tem que ter intermediários locais. É uma tendência perigosa que estas forças políticas possam começar a ganhar eleições”, sublinhou Věra Jourová.
Como pode ser quebrada esta tendência? “Parar isto exige habilidade, comunicação… Conhecemos as narrativas: imigração, alterações climáticas, antissemitismo. Pergunto-me porque é que os Estados democráticos não conseguem combater a desinformação nesses tópicos? Tópicos como a imigração não são populares de defender”, concluiu.
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