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Vereador do PSD diz que “só Rui Rio tem condições para vencer Rui Moreira”

Muito crítico da liderança de Rui Rio, o também deputado Álvaro Almeida indica a candidatura do “melhor presidente de câmara das últimas décadas” como a forma de o partido recuperar a autarquia ao independente a quem acusa de aumentar despesa sem correspondência na melhoria da qualidade de vida dos portuenses.
  • Miguel Marques / Porto Autêntico
25 Fevereiro 2021, 08h10

Derrotado por Rui Moreira nas autárquicas de 2017, nas quais só obteve 10,39% dos votos à frente da lista do PSD e PPM à Câmara do Porto, o deputado Álvaro Almeida, também vereador sem pelouro na autarquia, aponta o líder social-democrata, a quem chama o “melhor presidente de câmara das últimas décadas”,  como a única solução para o seu partido reconquistar a cidade invicta nas eleições autárquicas que deverão ser disputadas em setembro ou outubro. Apesar de um projeto de lei do PSD defender o seu adiamento devido à pandemia, numa iniciativa frontalmente criticada pelo deputado social-democrata, muito desalinhado da direção nacional de Rui Rio, como explica nesta sexta-feira numa entrevista publicada na edição semanal do Jornal Económico.

Enquanto vereador sem pelouro na Câmara do Porto reconhece-se nas críticas sobre o carácter de Rui Moreira que o líder do PSD fez na entrevista ao “Observador”?

A minha forma de estar na política não passa por pessoas e sim por princípios e ideias. Sobre o presidente da Câmara do Porto posso pronunciar-me sobre as suas políticas e devo dizer que não foram boas. Está há quase oito anos no poder e fez pouco – podia ter feito muito mais – e fez mal.

Qual é a receita vencedora para o PSD poder reconquistar a Câmara do Porto a Rui Moreira?

Há duas questões diferentes. Por um lado, o mandato de Rui Moreira não foi bom. Se perguntar a qualquer portuense em que é que a sua qualidade de vida melhorou devido à ação da câmara nos últimos oito anos – estou a excluir o último, por ser um ano anormal -, provavelmente nenhum saberá dizê-lo. Sei é que piorou no trânsito, no lixo, num conjunto de impostos, taxas e taxinhas que estão muito acima daquilo que seria necessário para financiar a atividade da câmara. Rui Moreira adotou uma política muito parecida com a do PS a nível nacional, que é basicamente alimentar a máquina estatal – neste caso municipal -, com as despesas correntes a aumentar 75% durante os seus dois mandatos. Foi um aumento brutal e se perguntar a algum portuense se a Câmara está a funcionar 75% melhor do que há oito anos duvido que encontre alguém a dizer que sim. Há um aumento de despesa sem correspondência na melhoria da qualidade de vida e muito marketing. Rui Moreira tem boa imagem, como também o governo socialista de António Costa tem. Nesse aspeto são muito parecidos e, aliás, dão-se muito bem um com o outro, pois têm estilos de fazer política muito parecidos, muito assentes na imagem e sem grande conteúdo e obra realizada. Não quer isto dizer que é tudo mau. Sou vereador há três anos e meio e nesse período houve muitas propostas que votei favoravelmente. Mas houve opções estatizantes, como a municipalização dos lixos, que vieram reduzir a qualidade do serviço e aumentar muito o seu custo. São opções que não tomaria, que acho serem erradas e que o PSD não tomaria.

E no que toca à escolha de candidato?

A segunda vertente para a vitória do PSD no Porto é muito simples e passa por apresentar aquele que para mim será o melhor candidato. O partido tem nos seus quadros alguém que seria excelente, pois foi o melhor presidente de câmara das últimas décadas – deste século certamente, mas não só  -, que é Rui Rio. Teve três mandatos muito bons, contribuiu muito para mudar a cidade – esse sim fez alguma coisa -, e é presidente do PSD, pelo que tem projeção nacional. É a pessoa que tem as melhores condições para vencer Rui Moreira. A solução é candidatar-se e, com base na sua experiência, provas dadas e imagem nacional, anular os trunfos de Rui Moreira. Não há mais ninguém. Só ele tem condições para vencer. Com outros candidatos será difícil, pois Rui Moreira tem uma imagem e uma projeção na opinião pública com que mais ninguém no PSD poderá ombrear. Sem menosprezo por outros candidatos que possam vir a ser nomeados pelo partido.

Alguém da direção nacional lhe pediu conselhos quanto à candidatura à Câmara do Porto?

Da direção nacional não. Naturalmente que tenho estado em contacto regular, fruto da minha atividade enquanto vereador, com a comissão política do concelho do Porto e também com a comissão política distrital, na qual tenho assento por inerência enquanto deputado. Tenho excelentes relações com ambos os órgãos e temos coordenado a minha atividade na vereação.

Poderá estar a acontecer uma tempestade perfeita, com o aparecimento de novos partidos e a possibilidade de um resultado melhor para o PSD do que em 2017, de o PS juntar o Porto a seu naipe de grandes autarquias nas próximas autárquicas?

Acho difícil que o PS consiga vencer no Porto, independentemente do candidato do PSD. Mesmo que não seja tão bom como seria Rui Rio – e qualquer outro não o será -, penso que o PS não irá vencer. Quanto ao resto do país já não sei.

Concorda com quem diz que a legislação eleitoral acordada pelo PS e PSD foi feita à medida para impedir a reeleição de autarcas como Rui Moreira e Isaltino Morais ou mesmo para os empurrar a tornarem-se candidatos independentes em listas de partidos?

Há muita desinformação sobre essa matéria. Nada foi feito para impedir ninguém de concorrer. O que aconteceu em 2017, quando um movimento de cidadãos se apresentou como um partido, é enganar os portuenses. Na minha opinião é bom que se clarifique que um movimento de cidadãos não pode usar nome de partido, pois não é um partido. Se analisarem a lei nenhum movimento de cidadãos fica impedido ou sequer muito dificultado de concorrer. Essa é mais uma das questões onde houve muito marketing e imagem que não correspondem à realidade.

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