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Viagem à União Soviética: Questionar e observar

Urbano Tavares Rodrigues nasceu em Lisboa, a 6 de Dezembro de 1923, e passou a infância no Alentejo, perto de Moura, cidade que dará o nome do escritor à sua biblioteca municipal.
17 Novembro 2017, 11h30

Esta vivência junto das pessoas do campo irá marcar a sua extensíssima obra literária – entre romances, novelas, contos, ensaios, crónicas e teatro, somam-se quase 100 títulos.

Entre 1949 e 1955, devido à militância no Partido Comunista Português, está impedido de exercer a docência universitária em Portugal, pelo que se instala em França, tornando-se leitor em universidades em Aix-en-Provence, Montpellier e na Sorbonne, em Paris. Quando regressa a Portugal, torna-se professor do ensino liceal, nomeadamente no Liceu Camões e no Colégio Moderno, e dedica-se ao jornalismo. Em 1956, no Cairo, faz a cobertura da crise do Suez para o Diário de Lisboa. O apoio à candidatura à presidência de Humberto Delgado e as suas ideias políticas levá-lo-ão aos calabouços da PIDE e à prisão, por mais de uma vez.

Após o 25 de Abril de 1974, retoma a sua carreira académica, agora na Faculdade de Letras de Lisboa, da qual se jubilou em 1993, como Professor Catedrático.

No início dos anos 1970, Urbano Tavares Rodrigues visita a União Soviética durante três semanas. Neste périplo acompanhavam-no outros escritores portugueses, como Fernando Namora. O relato desta viagem, onde conheceu Moscovo, Leninegrado (a atual São Petersburgo), parte da Sibéria, como a cidade de Irkutsk e o adjacente lago Baikal, e as Repúblicas Socialistas Soviéticas do Cazaquistão e do Uzbequistão, teve três edições pela Seara Nova, consecutivamente esgotadas e foi agora editado pela Cavalo de Ferro.

“Viagem à União Soviética” é um relato apaixonado, facto que era comum aos viajantes estrangeiros que eram militantes comunistas na época, o que torna este livro num documento histórico curioso. Como se sabe, a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria tiveram como consequência, entre muitas outras, o esboroar de um certo mito do homem novo, assente numa fé inabalável num futuro de “amanhãs que cantam”.

Mas, para além das avaliações marcadamente ideológicas que o autor apresenta, podem encontrar-se no texto momentos em que a beleza da paisagem faz obliterar a política; a descrição do lago Baikal, a que os russos chamam mar, é uma delas.

Urbano Tavares Rodrigues faleceu em Lisboa, em agosto de 2013.

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante

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