O vice-presidente do Chega-Açores, Orlando Lima, divulgou no Facebook a carta de demissão que apresentou a 28 de outubro ao líder regional Carlos Furtado por discordar da “postura centralista” de André Ventura, que começou por negar apoio a um governo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, apesar de passar a haver maioria de direita na assembleia legislativa regional, e mais tarde apresentou uma lista de condições que englobam o projeto de revisão constitucional do Chega.
“O PS na governação, com os seus 300 milhões da Europa, faz uma festa, deixa-nos a todos na miséria, mas compra votos para mais oito anos. Negar uma alternativa de direita na governação regional será traição. Este seria o papel de outro, nunca do Chega”, escreveu o ex-dirigente, defendendo que Carlos Furtado, eleito deputado pela ilha de São Miguel, deveria ter assumido o “dever e responsabilidade” de conduzir o partido no “difícil mas desafiante caminho de assegurar, mediante cuidada negociação com os parceiros políticos à direita, uma alternativa de governação”.
Apesar de o PS, que governa a região autónoma desde 1996, ter voltado a vencer as regionais açorianas, desceu de 30 para 25 mandatos, abaixo dos 29 necessários para ter maioria absoluta. E viu o PSD subiu para 21 deputados, podendo garantir o regresso ao poder desde que garanta apoio dos outros partidos de direita: CDS-PP (três), Chega (dois), PPM (dois) e Iniciativa Liberal (um).
O cabeça de lista pela ilha Terceira nas eleições regionais de 25 de outubro acusa André Ventura de, “descurando os interesses dos açorianos”, ter tomado decisões que deveriam ser tomadas pelos dirigentes locais, naquilo que diz ter sido “a defesa infantil de interesses dos ‘cheganos” nacionais”, afirmando Orlando Lima que o povo açoriano “não tem para com eles a mais pequena identificação”.
“A governação açoriana faz-se para a defesa do povo açoriano, não para resolver as questiúnculas dos senhores de Lisboa nem para ganhar uns pontos junto do eleitorado continental”, sublinhou Orlando Lima, que também não poupa críticas ao dirigente do Chega-Açores José Pacheco, eleito para a assembleia legislativa regional pelo círculo de compensação.
O ex-vice-presidente do Chega-Açores salienta que a escolha de José Pacheco para cabeça de lista do círculo de compensação, no qual o Chega ficou a 15 votos de eleger um segundo deputado, leva a que os dois eleitos do partido sejam da ilha de São Miguel, apesar de a votação na Terceira ter sido pouco inferior (5,37%, contra 5,55% na maior ilha da região autónoma).
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