[weglot_switcher]

Vieira da Silva, a obra, o museu e 331 amoreiras

O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva celebra o seu 30º aniversário com um novo ciclo expositivo e uma nova identidade visual, além de um programa alargado e de entrada livre nos dias 23 e 24 de novembro.
331 Amoreiras em Metamorfose, © VASCO CÉLIO/STILLS
21 Novembro 2024, 18h48

No 30º aniversário da abertura do Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, cabem vários mundos: aqueles que habitam as obras de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, e os universos de 83 artistas, portugueses e estrangeiros, contemporâneos ou não do casal, que serão apresentados em “331 Amoreiras em Metamorfose”, o primeiro de cinco momentos que assinalam não só o aniversário do museu, mas também o início da programação de Nuno Faria enquanto novo diretor da instituição.

A partir dos degraus que levam à sala principal, começamos a vislumbrar alguns desses ‘universos’, sendo o primeiro deles uma instalação da artista brasileira Frida Baranek, que aguarda os visitantes. Esta é uma espécie de antecâmara ao projeto expositivo que vai decorrer até 31 de dezembro de 2025 e que pretende ser uma exposição em constante transformação.

O primeiro momento, intitulado “Tecido do Mundo”, inspira-se no pensamento têxtil, fundacional e característico do trabalho que Vieira da Silva desenvolveu na sua longa produção artística. Mas não só; inspira-se também na origem do lugar onde Vieira da Silva desejou que nascesse a fundação, a antiga Fábrica dos Tecidos de Seda e seu envolvimento.

Refira-se, a título de curiosidade, que foi na casa-atelier da artista, no nº 3 do Alto de São Francisco, nas imediações do Jardim das Amoreiras, que se realizou, em 1936, a primeira exposição de arte abstrata em Portugal. Agora, iniciado este novo ciclo do Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, Nuno Faria sublinha ao Jornal Económico (JE) que “o grande desafio é oferecer boa pintura, boas obras”, sem esquecer que existe “esta relação, esta ‘corrente de ar’ entre o exterior e o interior”. Ou seja, o programa pensado para os visitantes do museu “é completamente montado, não só a partir da história do edifício, mas da história do lugar”.

Realça, a propósito, que “o processo de montagem é algo que é mágico, porque é transformativo”. Além disso, considera que “este edifício tem características que poucos têm em Lisboa. É um edifício com uma escala pequena, uma média escala, que pede peças de relativa pequena escala também, média escala, e um museu para ver pintura. Quem diz pintura diz desenho; quem diz desenho diz processos escultórios, etc. Mas é uma ‘coisa’ que não padece do gigantismo de outras instituições, e eu acho que as pessoas nesta altura estão à procura de relações mais íntimas”.

E essa relação “mais íntima” já está em curso, com o primeiro momento deste programa, “Tecido do Mundo”, patente até dia 9 de fevereiro. Segue-se “Uma Estreita Lacuna”, de 13 de fevereiro a 4 de maio; “Histórias de Bichos da Seda”, de 8 de maio a 13 de julho; “Notas sobre a Melodia das Coisas”, de 17 de julho a 28 de setembro; e o quinto momento, “Ascensão: Vers La Lumière”, de 2 de outubro a 31 de dezembro.

A exposição é pensada como uma ampla constelação que coloca as obras selecionadas em diálogo entre si, para melhor entretecer as diferentes linguagens com um último objetivo, diz o novo diretor do museu, que é “contar histórias”. Até porque o museu pode ser “um lugar de uma espécie de encantamento, um lugar que propicia a construção de imaginários ou propicia a imaginação”, afirma Nuno Faria ao JE, antes de concluir que “é uma premissa importante nós pensarmos o museu como um dispositivo e não como um fim em si mesmo”.

No fundo, estamos a falar de um ano de programação, o que permitirá “testar o espaço, ter tempo para pensar, pois toda esta exposição montada em constelação propicia relações”. E também levar a cabo o projeto editorial agora lançado, a 21 de novembro, que no primeiro ano terá a ‘assinatura’ do designer Pedro Falcão, e que Nuno Faria destaca como sendo “um conjunto de caminhos possíveis e heterogéneos”, de pendor investigativo, que remete, sobretudo, “para a obra da Vieira e do Arpad, mas com vários cruzamentos. Vai ficar uma espécie de chão para trabalharmos a vários níveis”.

No fim de semana de abertura, 22 e 23 de novembro, a entrada no museu é gratuita para todos. O programa paralelo é alargado, desde visitas guiadas pelo diretor do museu a um concerto-leitura e à projeção de um filme emblemático sobre Vieira da Silva. Mas há mais novidades: doravante, ao domingo, a entrada será livre para todos. Para os residentes em Lisboa, o período grátis estende-se de terça-feira a sábado.

Dia 23, Sábado
11h: Visita guiada à exposição 331 Amoreiras em Metamorfose com Nuno Faria, diretor do museu
18h: Projeção do filme Ma Femme chamada Bicho (1978) (versão restaurada) de José Álvaro Morais com a presença de António M. Costa (Leopardo Filmes)
21h: Concerto-Leitura Uma Sucessão de passos em metamorfose de Tomás Cunha Ferreira Quarteto com Joana Cotrim, João Pereira, Rodrigo Bartolo e Tomás Cunha Ferreira

Dia 24, Domingo
11h: Visita guiada para famílias à exposição 331 Amoreiras em Metamorfose
com Nuno Faria, diretor do museu.
16h: Projeção do filme Ma Femme chamada Bicho (1978) (versão restaurada)
de José Álvaro Morais

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.