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Vladimir Putin seduz Donald Trump com petróleo e o Ártico

O Kremlin foi a Riade com um plano bem delineado para tentar seduzir os norte-americanos.
19 Fevereiro 2025, 12h57

O regime de Vladimir Putin está a tentar seduzir Donald Trump para tentar obter vantagens na negociação com a Ucrânia.
Dois pontos fundamentais desta sedução: as petrolíferas norte-americanas podem regressar à Rússia, e Moscovo diz estar disposta a desenvolver projetos em conjunto com os EUA no Ártico, revela Rafael M. Mañueco, correspondente do  jornal espanhol “ABC” na Rússia.
O Kremlin ofereceu assim a Trump um acordo sobre os recursos minerais russos, segundo as declarações de um dos membros da comitiva russa nas negociações na Arábia Saudita entre EUA e Rússia sobre o fim da guerra da Ucrânia.

“As grandes companhias petrolíferas dos Estados Unidos tinham negócios com muito sucesso na Rússia. Acreditamos que voltarão a dado momento. Porque é que iriam desperdiçar a oportunidade de aceder aos recursos naturais da Rússia? Também precisamos de realizar projetos conjunto, por exemplo, no Ártico e noutras áreas”, disse Kirill Dmítriev, diretor-geral do Fundo Russo para Investimentos Diretos na Rússia (RFPI).

“As empresas norte-americanas perderam 300 mil milhões de dólares com as sanções contra a Rússia”, afirmou o responsável, citado pelo “ABC”.

A Exxon Mobil detinha 30% do projeto Sakhalin-I, na ilha de Sacalina, no extremo oriente da Rússia. Retirou-se do projeto, mas não conseguiu vender a participação.

Dmitriev acena agora com a devolução da participação de 30% se regressar à Rússia.

A companhia anunciou em março de 2022 que iria desinvestir em ativos no valor de 4 mil milhões de dólares. A empresa já tinha saído de vários projetos após a invasão da Crimeia em 2014.

Já a Chevron detinha 15% no Caspian Pipeline Consortium (CPC), um pipeline entre o Cazaquistão e o Mar Negro russo, com a Exxon Mobil a deter 7,5%.

Outra companhia americana era a Halliburton, que presta serviços no sector petrolífero, que também acabou por sair, assim como a Schlumberger que opera na mesma área.

Mas havia outras petrolíferas ocidentais na Rússia até à invasão: a francesa Engie, a norueguesa Equinor, as finlandesas Fortum e Neste; a austríaca OMV; as britânicas BP e Shell; as francesas TotalEnergies e Engie; a alemã Uniper; a italiana Eni.

Dmitriev é próximo da família de Vladimir Putin, cuja filha Ekaterina Tikhonova estudou e trabalhou com Natalia Popova, a esposa do diretor do RFPI.

Dmitriev, 49 anos, estudou nos Estados Unidos em Harvard e Stanford na década de 90, tendo depois trabalhado no Goldman Sachs e na McKinsey.

Em 2011, foi nomeado por Vladimir Putin para dirigir o RFPI, tendo mantido contactos com a administração de Donald Trump quando foi eleito pela primeira vez em 2016.

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