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Wall Street fecha a subir, mas mercado está nervoso com a China

A teoria do bater de asas da borboleta asiática funciona em pleno no mercado de capitais norte-americano. A primeira conversa de Joe Biden com o seu homólogo chinês deixou os investidores nervosos. Principalmente com o que pode vir por aí.
Brendan McDermid / Reuters
11 Fevereiro 2021, 21h21

O mercado de capitais norte-americano continua ‘enfeudado’ às relações que o país mantém com a China: num dia que os analistas previam igual aos que têm ocorrido nas semanas recentes, e que devia ser marcado pela esperança de mais estímulos à economia, pelo anúncio dos fortes lucros de algumas das maiores empresas cotadas e pela melhora perspetivas de combate à pandemia, bastou uma referência à China para deitar tudo a perder.

O presidente Joe Biden falou com alguns senadores sobre as perspetivas em torno do relacionamento entre os Estados Unidos e a China, tendo deixado no ar a possibilidade de manter relações tensas com Pequim – de forma não muito diferente do que sucedeu com o seu antecessor, Donald Trump. Esta fraca perspetiva de relacionamento económico – e principalmente comercial – com o Império do Meio foi suficiente, segundo os analistas, para que o mercado desabasse e fechasse no vermelho.

Biden falou telefonicamente esta quinta-feira pela primeira vez com Xi Jinping, o presidente chinês, e ficou a sensação de que a conversa não foi particularmente amistosa. Biden expressou preocupações “fundamentais” sobre as práticas comerciais “coercitivas e injustas” de Pequim, bem como sobre questões de direitos humanos, incluindo a repressão da China em Hong Kong e o tratamento dos muçulmanos em Xinjiang, e ainda sobre as ações chinesas cada vez mais duras na Ásia, inclusivamente em relação a Taiwan.

Só para piorar, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, afirmou também esta quinta-feira que os Estados Unidos têm profundas preocupações sobre o comportamento “predatório” da China quando se trata de tecnologia, acrescentando que o governo Biden se envolverá severamente com a China quando isso for do interesse dos Estados Unidos.

Mesmo assim, os índices mais importantes conseguiram fechar positivos, apesar de um dia complicado em que alguns deles chegaram a cotar no vermelho. O Dow Jones Industrial Average subiu 2,54 pontos, ou 0,01%, para 31.440,34 pontos; o S&P 500 ganhou 8,03 pontos, ou 0,21%, para 3.917,91 pontos; e o Nasdaq Composite somou 57,55 pontos, ou 0,41%, para 14.030,09 pontos.

O alerta sobre os planos da China mas também o facto de os democratas pretenderem incluir um aumento do salário mínimo no pacote de estímulo de 1,9 biliões de dólares “mostrou que ventos contrários para os investidores podem estar aumentando”, disse Ed Moya, analista da Oanda, citado pela agência Reuters. “Os mercados estão começando a ficar um pouco nervosos com as relações entre o Ocidente e a China”, disse Moya.

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