Tudo indica que a emissão da dívida verde é uma tendência que veio para ficar. De acordo com a Carbon Bonds Initiative, o ano de 2019 foi marcado por um novo recorde de emissão de obrigações verdes, tendo-se alcançado o valor de 257,7 mil milhões de dólares, um crescimento de 58% face a 2018. O top 5 dos países onde mais obrigações verdes se emitem inclui os EUA, China, França, Alemanha e Holanda.
Esta diversidade pode significar uma aceitação generalizada do potencial deste tipo de produto e os mercados financeiros estão cada vez mais interessados neste tipo de dívida. De acordo com o Secretário-geral BCSD Portugal, João Wengorovius Meneses, este tipo de emissões deve ser incentivado junto dos grandes players e dentro da própria consultora, já se regista um aumento de clientes que procuram soluções mais sustentáveis.
O tema foi debatido durante a Webtalk sobre Sustentabilidade promovida pelo Jornal Económico (JE), em parceria com a Huawei, desta sexta-feira.
“Temos um grupo de trabalho que assiste a uma procura cada vez maior de private equity a querer encontrar soluções sustentáveis e que querem respeitar os princípios ESG da ONU”, referiu durante a conferência. “Noto que existe no mundo financeiro, seja por via da banca ou fundos de investimento ou consumidor, uma atenção cada vez maior para as green bonds“.
Segundo Jorge Fernandes, diretor de Inovação da Galp, o desafio passa agora por incentivar as empresas e os países a aderir a este tipo de iniciativa.
A Alemanha vai avançar com a emissão de green bonds pela primeira vez no próximo ano, juntando-se a países como França e a Polónia no mercado de obrigações verdes. E em Portugal, o Governo também já mostrou vontade, na legislatura anterior, de vir a emitir green bonds, mas ainda não concretizou essa ambição, relembra a secretária de Estado do Ambiente Inês Castro durante a WebTalk.
Em Portugal, a primeira empresa a emitir este tipo de dívida foi a EDP. Antonio Castro, Diretor da Sustentabilidade e Ambiente da Energias de Portugal, sublinha que esse foi um “grande passo” na história da empresa e que, apesar de na altura não se ter verificado uma grande valorização, agora já se regista um maior interesse.
“Não fomos a primeira eléctrica na Europa porque os mercados não estavam a valorizar o suficiente aos olhos de um investidor”, referiu. “Mas hoje em dia, temos um mercado que pede e que está preocupado sobre o futuro e a sustentabilidade das empresas e hoje podemos dizer que elas já estão a ser transaccionadas com um yield reduzido o que é bom”.
Apesar desta preocupação crescente, o mercado mundial das obrigações verdes representa, ainda, apenas 1% a 3% do total de todas as obrigações emitidas no mundo. Estes valores demonstram assim que, apesar de muito se falar deste produto, o seu uso é ainda muito inferior ao das obrigações convencionais.
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