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Xi Jinping e Vladimir Putin em rota de aproximação

Era o medo por parte dos analistas: o aumento de tensão entre a administração Biden e Moscovo por um lado e Pequim por outro podia aproximar os dois países. Também era uma evidência: mais tarde ou mais cedo iria acontecer.
15 Dezembro 2021, 17h50

Se era claro que o presidente norte-americano Joe Biden iria secundar os planos do seu antecessor, Donald Trump, em relação à China – transformando o país asiático numa espécie de inimigo número um – era igualmente claro que a nova administração da Casa Branca iria fazer tudo para escorraçar qualquer possível influência de Moscovo sobre os poderes de decisão norte-americanos.

Biden foi repetidamente avisado de que a sua estratégia podia juntar num mesmo caminho – mesmo que ele seja fruto de um momento e de curto percurso comum – a China e a Rússia. Aparentemente, não quis saber. Agora, com a tríplice aliança do AUKUS a vogar nos mares da China e as sanções a pairarem sobre o céu que fica por cima da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, esse perigo parece estar a acontecer.

De facto, o presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, realizaram uma cimeira virtual que tem tudo para ser uma má notícia para Washington. As relações Rússia-China são “um exemplo adequado de cooperação interestadual”, disse Putin. Exatamente, “e agradeço” observou Xi Jinping

“Um novo modelo de cooperação foi criado entre os nossos países, baseado, entre outras coisas, em princípios como a não interferência nos assuntos internos, o respeito pelos interesses de cada um, a determinação de fazer da fronteira comum um cintura de paz e boa vizinhança”, disse Putin, citado pelas agências internacionais.

Por seu turno, Xi Jinping disse que o presidente russo “apoiou fortemente os esforços da China para proteger os principais interesses nacionais e opôs-se firmemente às tentativas de abrir uma divisão entre os nossos países”.

Os dois líderes deixaram saber que vão encontrar-se presencialmente em fevereiro. Isto depois de oficialmente os dois terem dito que as tensões na Europa e a retórica “agressiva” dos Estados Unidos e da NATO tanto face à Rússia como à China estiveram no centro do debate.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que “a situação nas relações internacionais, especialmente no continente europeu, está muito, muito tensa e requer debate entre os aliados”, referindo-se a Moscovo e Pequim. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, disse por seu turno que a cimeira deve “aumentar ainda mais a confiança mútua de alto nível entre os dois lados”.

Rússia e China cooperam não apenas militarmente, mas também têm laços nas frentes diplomática e económica. Peskov disse que os dois líderes mantiveram uma longa conversa com uma ampla agenda, incluindo a energia, o comércio e investimentos recíprocos.

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