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Yields das soberanas continuam a cair com investidores à procura de segurança

Os títulos a 10 anos dos EUA, Europa e China estão a cair, dado o aumento da procura, mas o ouro também recuou dos máximos recentes, sugerindo que os investidores estão a fechar posições ainda no verde para compensar perdas noutros investimentos, nomeadamente no mercado de ações.
7 Abril 2025, 12h26

O pânico nos mercados criado pelo ‘Dia da Libertação’ norte-americano continua esta segunda-feira, com os investidores a correrem para ativos de segurança, sobretudo os títulos de dívida. Curiosamente, o ouro tem vindo a abrandar, contrariando a tendência típica em períodos de stress nos mercados.

Os títulos do Tesouro norte-americano a 10 anos continuam a cair, voltando a negociar abaixo dos 4% no início do dia com a continuação da forte procura pelos investidores face ao colapso nos principais índices bolsistas. Recorde-se que o S&P 500 perdeu cerca de 10% nos últimos dois dias da semana passada, desvalorizando perto de 5 biliões de dólares (4,6 biliões de euros).

Os mercados estão também a ajustar as suas perspetivas relativas às taxas de juro diretoras, apostando agora em mais um corte de 25 pontos base (p.b.) pela Reserva Federal face ao quase inevitável abrandamento da economia. Em resposta, o dólar voltou a cair, sobretudo face a divisas como o iene japonês ou o franco suíço.

Também na Europa se regista o mesmo movimento, embora com algumas exceções. Os Bunds a 10 anos alemães registaram nova descida de 13 p.b, chegando a novo mínimo do último mês com 2,44% e colocando assim pressão nas restantes dívidas soberanas do Velho Continente no sentido de uma descida das yields.

No Reino Unido, a Gilt a 10 anos também desceu mais 4 p.b., dando seguimento à tendência registada no final da semana passada. O título britânico de referência registava uma yield de 4,41% no início desta segunda-feira.

Em sentido contrário, a Itália verificou uma ligeira subida das yields após a Fitch reafirmar a nota de ‘BBB’ para os títulos de dívida pública do país, que registam assim uma yield de 3,79%.

Na China, uma das principais economias afetadas pelo anúncio de tarifas norte-americanas e uma das que já avançou com medidas retaliatórias, os títulos a 10 anos registaram a maior queda diária desde setembro, caindo para 1,62%.

Na frente do ouro, o principal ativo de reserva na lógica económica clássica, os máximos registados recentemente já foram invertidos. A commodity chegou a negociar acima dos 3.200 dólares (2.913,8 euros), mas recuou entretanto para próximo dos 3 mil dólares. Segundo os analistas, tal sugere que os investidores poderão estar a fechar posições enquanto estão ainda numa situação de lucro, ajudando a cobrir perdas noutros investimentos, sobretudo ações.

Também as criptomoedas estão no vermelho, apesar da teoria dos últimos anos que poderão funcionar com ativo de reserva em momentos de stress de mercado, especialmente a Bitcoin. O criptoativo mais famoso a nível global perdeu mais de 6% nos últimos cinco dias e, apesar de estar a recuperar na sessão de segunda-feira, negoceia abaixo dos 80 mil dólares – nível acima do qual se manteve desde o início do ano.

Em comparação com o arranque do ano, a divisa digital já perdeu 17,3%, isto depois de ter registado novos máximos absolutos em janeiro, quando negociou acima de 105 mil dólares (95,7 mil euros).

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