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Zâmbia e Angola assinam acordo para concessão do Corredor do Lobito

Os acordos de concessão para o financiamento, construção, propriedade e operação deste mega projeto ferroviário contemplam “a construção de uma linha ferroviária inteiramente nova, de aproximadamente 800 km, para ligar o caminho de ferro de Benguela, em Luacano, Angola, à já existente linha ferroviária da Zâmbia, em Chingola”
25 Setembro 2024, 13h56

A Zâmbia e Angola assinaram em Nova Iorque, com a Corporação Financeira Africana (AFC), o acordo de concessão para a concretização do projeto de ligação ferroviária entre Angola e a Zâmbia, conhecido como Corredor do Lobito.

“Angola tem o prazer de estabelecer uma parceria com a AFC neste projeto transformador, que vai aprofundar o papel de Angola enquanto centro logístico regional e impulsionar o comércio não só com a Zâmbia, mas com o resto do mundo”, afirmou o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo Viegas D’Abreu, no final da cerimónia, que contou também com a presença do seu homólogo da Zâmbia, Frank Tayali.

Os acordos de concessão para o financiamento, construção, propriedade e operação deste mega projeto ferroviário contemplam “a construção de uma linha ferroviária inteiramente nova, de aproximadamente 800 km, para ligar o caminho de ferro de Benguela, em Luacano, Angola, à já existente linha ferroviária da Zâmbia, em Chingola”, e surgem poucos dias antes da visita do Presidente dos Estados Unidos a Angola, a primeira de Joe Biden a África, onde este será um dos temas em destaque.

De acordo com o comunicado do Ministério dos Transportes de Angola enviado à Lusa, no seguimento da assinatura dos acordos foi também assinado outro acordo que permitirá à AFC receber um financiamento de dois milhões de dólares (1,7 milhões de euros) da Agência de Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos (USTDA), para a conclusão dos estudos ambientais e sociais do projeto.

“Este financiamento é o primeiro com o qual a AFC aproveitará o financiamento da USTDA, e facilitará avaliações de impacto ambiental e social (ESIA) abrangentes para garantir que o Projeto Ferroviário Angola esteja alinhado com as melhores práticas e padrões ambientais internacionais”, aponta-se no comunicado.

A ligação entre Angola e a Zâmbia é apontada como uma das mais importantes a nível comercial na África Austral, já que cria um corredor comercial “para facilitar a circulação eficiente de mercadorias e promove investimentos na agricultura, na eletricidade, na mineração, na saúde e nas infraestruturas digitais”, sendo a rota mais curta “para as exportações e importações, ligando as principais regiões mineiras, os polos agrícolas e as empresas da Zâmbia e da República Democrática do Congo ao porto do Lobito”, assumindo-se como uma “rota estratégica” para as exportações destes dois países.

No comunicado, aponta-se ainda que a linha ferroviária deverá criar “benefícios económicos de aproximadamente 3 mil milhões de dólares [2,68 mil milhões de euros] para ambos os países, reduzir as emissões atmosféricas em cerca de 300 mil toneladas por ano, e criar mais de 1.250 postos de trabalho durante a sua construção e as operações”.

A AFC é a promotora líder do Corredor do Lobito, em colaboração com o Governo dos Estados Unidos, a União Europeia, o Banco Africano de Desenvolvimento, e os governos de Angola, da República Democrática do Congo e da Zâmbia.

“Angola tem muito a ganhar em termos de oportunidades de investimento e de reputação se em cada um dos seus projetos estruturantes seguir e implementar as melhores práticas internacionais no domínio da proteção ambiental”, salientou o ministro dos Transportes angolano no final da cerimónia organizada pelo Secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, e pela Parceria do G-7 para a Infraestrutura e Investimento Global (PGI) do Governo de Joe Biden, à margem da 79ª sessão da Assembleia Geral da ONU, que decorre esta semana em Nova Iorque.

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