[weglot_switcher]

ZERO defende estratégia de longo prazo assente em soluções para “maior eficiência” no uso da água no Algarve

Associação ambientalista deu parecer desfavorável ao projeto de Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve – Solução da Tomada de Água no Pomarão, por considerar que insiste na “lógica de aumento da oferta” através de mais captação e armazenamento, quando todos os cenários futuros apontam para “uma contínua redução” da precipitação.
5 Maio 2024, 13h13

A Associação ZERO deu parecer desfavorável ao projeto de Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve – Solução da Tomada de Água no Pomarão, por considerar que insiste “numa lógica de aumento da oferta de água através do aumento da captação e armazenamento de água particularmente, quando todos os cenários futuros apontam para uma contínua redução dos valores anuais de precipitação”.

A Associação aponta a necessidade da região apostar numa “estratégia de longo prazo assente em soluções direcionadas para uma maior eficiência no uso da água disponível”.

O período de consulta pública ao Estudo de Impacte Ambiental do projeto de Reforço do Abastecimento de Água ao Algarve a partir da Solução de Tomada de Água no Pomarão terminou esta semana.

O projeto prevê a construção de uma captação superficial na zona do estuário do rio Guadiana, a montante do Pomarão, com conduta adutora até à albufeira de Odeleite, abrangendo os concelhos de Mértola, Alcoutim e Castro Marim, num total de condutas que varia entre 37 e 41 quilómetros, em função da alternativa de traçado. A captação deverá ser, em média, de 16 a 21 hm3 de água, entre outubro e abril, parando o bombeamento nos meses excecionalmente secos e quando, desde o início do ano hidrológico, forem atingidos 30 hm3 ou atingida a capacidade de armazenamento do sistema Odeleite-Beliche (164 hm3).

A captação de água no Pomarão é uma das medidas do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve para a qual estão previstos 61,5 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) 2021-2026. O plano inclui também a construção de uma estação de dessalinização do Algarve e o investimento na redução das perdas de água no sector urbano, num investimento total de 237 milhões de euros, dos quais 44 milhões destinados à melhoria da eficiência no uso da água.

“Contrariamente ao preconizado na Diretiva Quadro da Água relativamente à necessidade de implementação de estratégias capazes de tornar os usos e consumos de água mais sustentáveis, prossegue-se numa lógica de aumento da captação e retenção de um recurso escasso para fazer face a consumos insustentáveis através de projetos que fomentam um aumento da procura por esse mesmo recurso”, justifica a ZERO.

Segundo a associação ambientalista, este é “mais um projeto que ilustra esta lógica de intervir diretamente sobre as massas de água para “captação de caudais adicionais destinados a aumentar a retenção e armazenamento de água, não só com o objetivo de garantir que não falta água às populações, mas que simultaneamente pretende garantir que a agricultura praticada na região continua a dispor dos caudais necessários para manter ou, até mesmo aumentar, os seus níveis de consumo e desperdício”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.