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“Zona euro não está devidamente preparada para enfrentar uma nova crise”

O ex-ministro grego entende que atualmente temos mais ferramentas para enfrentar novos choques económicos, mas a área do euro é ainda um projeto “frágil” e que precisa de uma união monetária europeia “viável”.
22 Março 2019, 13h41

O antigo ministro das Finanças da Grécia Giorgos Papakonstantinou considera que a área do euro não está devidamente preparada para enfrentar uma nova crise económica e financeira. O ex-ministro grego entende que atualmente temos mais ferramentas para enfrentar novos choques económicos, mas a área do euro é ainda um projeto “frágil” e que precisa de uma união monetária europeia “viável”.

“A crise na área do euro veio revelar várias vulnerabilidades da união monetária europeia e obrigou a pensar os mecanismos que tínhamos disponíveis para enfrentar períodos de recessão”, afirmou Giorgos Papakonstantinou, na conferência “Para onde vai a Europa?”, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, sublinhando que “a partilha de riscos [entre países mais e menos desenvolvidos] sem uma redução efetiva dos mesmos levanta questões morais e pode conduzir a novos riscos”.

O ex-governante afirmou que quando olhamos para trás é fácil tecer críticas à atuação dos regulares, que intervieram “demasiado tarde”, mas lembra que a vontade de preservar a moeda única foi sempre uma prioridade das instituições europeias. É por isso que, segundo Giorgos Papakonstantinou, é crucial que seja criada uma união monetária europeia devidamente estruturada.

“Podemos falar em missão cumprida? Muito foi feito, mas a área do euro está ainda frágil”, afirmou o atual professor da Escola de Governança Transnacional do Instituto Universitário Europeu de Florença. “Não há uma visão consensual sobre a direção que a união monetária europeia deve tomar no futuro, mas é necessário, nesta conjuntura, que haja um acordo em vários tópicos, o que não vai levar a uma união monetária europeia ideal, mas traria uma união monetária europeia viável”.

Giorgos Papakonstantinou apresentou quatro pontos-chave em que os Estados-membros devem concordar: o foco numa reforma estrutural e na competitividade, a conclusão da União Bancária Europeia, colher frutos da reforma fiscal e assegurar a continuidade das instituições europeias.

“O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) evoluiu, deixando de ser apenas de conceder financiamento e passando a apoiar programas e formar monitores”, afirmou o ex-ministro grego. Giorgos Papakonstantinou considera que é essencial que seja criado um fundo monetário europeu, dentro da própria estrutura do MEE, que permitiria dar à área do euro uma capacidade fiscal limitada, com empréstimos a curto prazo e com menos exigências do que os programas existentes.

Este fundo monetário europeu, na ótica de Giorgos Papakonstantinou, serviria ainda como financial backstop ao fundo de resolução único com uma linha de crédito rotativa. O grego sugeriu ainda que o MEE passasse a ter um papel de moderador entre os Estados-membros e os credores na gestão de uma eventual reestruturação da dívida soberana.

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