O PMI industrial do sector da manufatura da zona euro subiu, em outubro, para um valor de 46, um máximo de cinco meses, face aos 45 do mês passado, de acordo com os dados da S&P Global. Em termos da produção, fixou-se em 45.8, um máximo de dois meses, ficando acima dos 44.9 do mês passado. Refira-se que valores acima de 50 indicam crescimento e abaixo dos 50 uma contração.
Por países, Espanha chegou aos 54.5, atingindo um máximo de 32 meses, a Irlanda ficou em 51.5 (máximo de oito meses), a Grécia ficou em 51.2, um máximo de dois meses, os Países Baixos registaram um valor de 47 (um mínimo de 10 meses), Itália teve 46.9 (mínimo de quatro meses), França ficou em 44.5 (mínimo de dois meses), a Alemanha ficou-se pelos 43 (máximo de três meses), e a Áustria pelos 42 (mínimo de 10 meses).
A S&P Global destacou que o downturn na indústria da manufatura da zona euro teve continuidade no quatro trimestre, à medida que os “volumes de produção diminuíram em outubro pelo 19º mês consecutivo”.
A empresa refere que a produção foi limitada por um novo “declínio acentuado” ao nível de novas encomendas vindas das fábricas, o que levou a uma “redução ainda maior” do número de trabalhadores. “Positivamente, as contrações na produção, nas vendas e no emprego diminuiu, embora a confiança empresarial tenha descido para o mínimo de um ano”, salientam os dados da S&P Global.
A S&P Global destaca também que a subida do índice da manufatura da zona euro, em outubro, de 45 para 46, indicou um “abrandamento da deterioração” do setor, acrescentando que o ritmo geral de declínio foi também o mais lento desde maio, alertando contudo que este é o 28º mês em que a saúde da economia da manufatura de bens se deteriorou, “o que marca a recessão mais longa desde que se começaram a recolher dados pela primeira vez em 1997”.
A S&P Global realça que o sector industrial da zona euro “continuou a ser fortemente” pressionado pelas suas duas maiores economias (Alemanha e França), onde as contrações se “mantiveram acentuadas”.
É referido ainda que os níveis de produção industrial “continuaram a diminuir” em toda a zona euro em outubro.
“Embora a taxa de contração tenha arrefecido desde setembro, este foi sólido e globalmente em linha com a média observada ao longo da atual sequência de descida de 19 meses”, refere a S&P Global.
Acrescenta ainda que as linhas de produção foram “mais uma vez afetadas” pela falta de entrada de novos trabalhos, incluindo do estrangeiro.
“A entrada total de novos pedidos diminuiu no início do quarto trimestre, embora a extensão da queda tenha sido a mais suave desde Junho”, salientou a S&P Global, acrescentando que os fabricantes da zona euro reduziram mais uma vez a sua atividade de compra, tal como tem sido feito todos os meses desde julho de 2022.
“No meio desta redução sustentada na compra, os stocks de pré-produção encolheram a um ritmo acentuado”, referiu a S&P Global, para além das empresas inquiridas terem reportado atrasos nas entregas dos fornecedores pelo segundo mês consecutivo.
A S&P Global salienta que o emprego teve novas reduções no início do quarto trimestre e que este corte ao nível do emprego surge depois de um “declínio acentuado” nos inventários e numa “deterioração” na confiança ao nível empresarial.
“As expetativas de crescimento do sector da manufatura da zona Euro está no nível mais fraco num ano”, refere a S&P Global.
A isto junta-se uma diminuição dos custos das empresas, uma redução que foi “modesta”, mas a mais rápida desde março.
O chefe economista do Hamburg Commercial Bank, Cyrus de la Rubia, diz que existem boas notícias, ao analisar os dados do PMI.
“A recessão no sector da manufatura não se aprofundou mais em outubro. A produção caiu ao ritmo mais baixo que no mês anterior, e as novas encomendas caíram a um nível menos acentuado. De acordo com as nossas previsões a produção na manufatura pode encolher 0,1% no quatro trimestre”, destaca Cyrus de la Rubia.
“Não é encorajador que as reduções de stock de materiais adquiridos continuem a um ritmo excecionalmente elevado”, salienta o economista. “A crise da Covid-19 continua a deixar a sua marca. A redução que se continua a verificar nos inventários é obviamente relacionada com o facto que as empresas compraram e acumularam materiais, e bens intermédios, a uma escala sem precedentes em 2021 e 2022. Uma procura global mais lenta não dá às empresas motivos para reabastecerem, o que por sua vez pesa sobre a economia”, acrescenta Cyrus de la Rubia.
O economista chefe do Hamburg Commercial Bank sublinha que o ambiente na indústria continua deflacionário. “Isto são boas notícias para os departamentos de compras, mas parece que as empresas são forçadas a passar a correspondente redução no preço, por completo, aos seus consumidores”, refere Cyrus de la Rubia.
“Isto aponta para uma competição feroz que pesa nas margens de lucro das empresas. Assumimos que a competição com a China desempenha um papel importante. Os tempos de entrega abrandaram pelo segundo mês consecutivo, apesar de uma procura mais fraca. Isto pode indicar que as tensões geopolíticas estão a gerar problemas nas entregas para as empresas de logística em outubro”, conclui o economista chefe do Hamburg Commercial Bank.
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