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Eurosport quer mostrar Jogos Olímpicos “como nunca antes”

Grupo Discovery, que controla o canal, assegurou os direitos televisivos do evento. CEO na Península Ibérica adianta ao Económico que está a ser desenvolvida tecnologia para mudar o conceito tradicional das transmissões.
Foto cedida
10 Agosto 2017, 07h05

Em janeiro deste ano começou uma nova jornada para o Eurosport: passou a ser a casa dos Jogos Olímpicos (JO) na Europa. Num acordo fechado por 1,3 mil milhões de euros com o Comité Olímpico Internacional (COI), a Discovery Communications, grupo que controla a totalidade do canal de desporto desde 2015, ficou com os direitos televisivos de um dos maiores eventos desportivos mundiais, até 2024.

“Queremos contar histórias e, na minha opinião, a junção da Discovery com o Eurosport é um casamento perfeito porque está a unir uma marca conhecida pelos desportos a outra marca que conta histórias”, disse ao Jornal Económico Vera Buzanello, CEO da Discovery na Península Ibérica. “Queremos que a experiência com os Jogos Olímpicos seja diferente, e, para isso, estamos a trabalhar em vários conceitos”.

A empresa quer abandonar o conceito mais tradicional de transmitir conteúdos, de forma a conquistar um público mais jovem. “Queremos transmitir os jogos nos ângulos mais variados possíveis. Vamos colocar câmaras extras nos locais. Temos desenvolvido um programa que se chama “Time machine”, que, através da tecnologia, junta várias estrelas do desporto de todos os tempos. Como temos acesso aos arquivos dos Jogos Olímpicos, temos a possibilidade de contar as histórias como nunca”.

O acordo inclui os direitos televisivos em todas as plataformas, incluindo televisão aberta, pay-TV/subscrição, internet e dispositivos móveis em todas as línguas e em 50 países e territórios do continente europeu – excluindo a França, que já tinha acordos para os próximos Jogos. O COI exige que o Discovery se comprometa a transmitir um mínimo de 200 horas dos Jogos Olímpicos e 100 horas dos Jogos Olímpicos de Inverno em televisão aberta, um negócio que está a ser discutido com a RTP.

“Temos um compromisso com o COI sobre o número de horas mínimas em canal aberto, horas essas que são vendidas, e não cedidas”, disse Vera ao JE. “Para este tipo de aquisição temos um modelo de negócio, que foi avaliado pela empresa, ainda antes da aquisição dos direitos”, explica a CEO sobre a estratégia da Discovery em fazer render a compra milionária. “Temos um modelo de negócio que passa pelos nossos afiliados e pela publicidade. Estamos também a negociar com a RTP. E já fechámos acordo com vários sócios locais [MEO, Vodafone, NOS, NOWO] para distribuir o conteúdo”. “O nosso objectivo não é simplesmente ter os direitos dos Jogos Olímpicos. A nossa intenção é reforçar as alianças estratégicas que temos nos mercados, com os nossos sócios locais”.

O peso das assinaturas

A diferença do mercado português em relação a outros está na quantidade de pessoa que têm televisão por cabo. “A televisão por assinaturas em Portugal tem uma penetração tão alta (mais de 86%), que acaba por ser um caso diferente e essa é uma das razões pelas quais apostamos tanto no país. Em Espanha esse valor é de apenas 33%. Apesar de estarmos a negociar com a RTP um acordo, a minha intenção é realmente trabalhar bastante com os nossos sócios, que são os nossos afiliados”.

Com este acordo, o canal desportivo pretende ir para além do óbvio. “Queremos ter programas onde, por exemplo, mostramos as técnicas utilizadas no ciclismo, explicando a posição e a importância de todos os ciclistas num grupo, através de programas especiais no Eurosport”, dá como exemplo. Para além dos canais tradicionais, vai ser possível seguir os Jogos através do Eurosport Player. Uma manobra que a Discovery tomou de forma a atrair o maior número possível de visualizações em qualquer dispositivo, como os tablets, telemóveis e computadores. A partir de 4,99 euros por dia, ou 29,99 euros de subscrição anual é possível escolher a câmara (ângulo), voltar atrás nas transmissões ao vivo, até três horas e ter acesso a estatísticas em tempo real.

Hoje em dia é impossível ignorar a mudança de comportamento na sociedade, se uma empresa quer continuar a crescer. O casamento com a tecnologia é evidente em todos os setores e isso vê-se nos números. Os Jogos do Rio de Janeiro 2016 tiveram 3,5 mil milhões de telespectadores, de 207 países. Cerca de 350 milhões de pessoas assistiram à cerimónia inaugural, sendo que metade dessas pessoas assistiu via streaming.

A partir de 2 de agosto, os telespectadores vão poder ver programas do Canal Olímpico nos canais Eurosport e no Eurosport Player. Os conteúdos vão passar por programas como o “Hall of Fame”, uma rúbrica onde vai ser possível reviver as histórias mais memoráveis dos Jogos Olímpicos, desde Lillehammer 1994 até ao Rio 2016.

O programa “On the Line” vai mostrar alguns dos momentos mais importante dos JO explicados com recurso a imagens de arquivo e entrevistas. O “Against All Odds presented by Bridgestone” vai relatar histórias de sucesso de atletas que tiveram de superar enormes adversidades pessoais e profissionais. “Queremos que os Jogos Olímpicos comecem a fazer parte da nossa marca”.

Conteúdos regionais

Ciclismo, snooker e ténis são as modalidades pilares do Eurosport em Portugal. Apesar de o Eurosport ser um canal sazonal, tem tido bons resultados em Portugal. “O canal depende do que está a acontecer naquele momento, assim como qualquer canal desportivo”.
No final do mês de abril aconteceu a final do Campeonato do Mundo de snooker, e os números da transmissão em Portugal são incríveis! Tivemos 1,5 milhões de espectadores, foi o nosso recorde. Mas não ficamos por aqui. Desde de 2015 que não tínhamos um mês tão bom como o de Julho desde ano, por causa do Tour de France e o Campeonato da Europa de futebol feminino”, sublinha Vera.

“A Discovery quer também trazer cada vez os conteúdos regionais para o canal. Por exemplo, em fevereiro tivemos a Volta ao Algarve. Isto reforça o pilar de sermos a casa do ciclismo e, por outro lado, mostramos uma competição que é super relevante em não só a nível nacional, mas no mundo da modalidade.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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