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Lula da Silva: apoiantes apelam à resistência e à greve

Organização que apoia o ex-presidente pede à multidão e a todos os apoiantes que se dirijam a Curitiba, onde Lula da Silva será preso, para mostrarem a sua força e o seu apoio. Ali será montado um acampamento permanente.
Paulo Whitaker/Reuters
7 Abril 2018, 17h31

Os apoiantes do ex-presidente Lula da Silva, que continuam a discursar no Sindicato dos Metalúrgicos depois da sua saída, apelaram a que os partidos de esquerda e os trabalhadores se unam na resistência – que passará também pelas greves, como forma de imprimir um quadro de revolta face à prisão de Lula.

O antigo presidente do Brasil, Inácio Lula da Silva, está neste momento reunido com os seus advogados antes de se entregar à polícia federal, que o levará até Curitiba, onde será preso. Lula esteve até há minutos a produzir uma espécie de despedida dos seus apoiantes mais próximos, reunidos na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, onde esteve nos últimos dias. Já perdo do final da sua intervenção, Lula da Silva revelou aos que ali se encontram que irá entregar-se à Justiça brasileira, tal como lhe foi imposto pelo juiz Sérgio Moro. “Mas não adianta: há pelo país milhões e milhões de Lulas. Quando eu parar de sonhar, vou sonhar pelas vossas cabeças”, disse. “Já não sou um ser humano, sou uma ideia”.

Lula disse que irá provar a sua inocência e que sairá mais forte de todo este processo. E apelou a que todos os que o apoiam continuem a luta que o levou do anonimato de operário ao lugar de presidente. Enquanto o ex-presidente retirou-se. A organização invetivou todos a irem para Curitiba – onde vai ser montado um acampamento permanente – e a ocupar diversos locais do poder judicial para continuarem a apoiar o antigo presidente.

Ao cabo de cerca de 20 horas de espera, os vários milhares de pessoas finalmente ouviram Lula da Silva, que deveria ter discursado ontem às 22 horas (hora de Lisboa), mas só agora o faz. Lula da Silva esteve a traçar uma espécie de filme da sua vida política – que em grande medida passou precisamente por ali, pelo Sindicato dos Metalúrgicos.

O ex-presidente vai entregar-se à polícia federal, que o levará para o aeroporto de São Paulo em helicóptero, de onde seguirá depois para a prisão de Curitiba. Há mais de 800 agentes de prevenção para tentarem manter os apoiantes de Lula num quadro sem violência, ao longo do trajeto que o levará até à prisão.

Como foi sempre seu timbre, Lula da Silva fez um discurso muito pessoal, como se fosse uma espécie de conversa de amigos – com interversão política, certamente, mas claramente em tom de desabafo. Lula chegou mesmo a ser interrompido por amigos seus que intervieram também no meio do discurso do antigo presidente.

Lula interrompeu mesmo aquilo que estava a dizer para apelar à intervenção de um médico junto de uma apoiante que se sentiu doente. “Se for por causa da minha voz, paro de falar”, disse Lula.

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