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“Surpresa” e “estranheza”. Escolha de Sampaio da Nóvoa para a UNESCO gera mal-estar entre diplomatas

Em declarações enviadas ao jornal Expresso, a Associação de Diplomatas disse ter recebido a notícia com surpresa e pede ao Governo que reconsidere a intenção de nomear o ex-candidato à Presidência da República para o lugar de Representante Permanente de Portugal na UNESCO.
6 Fevereiro 2018, 16h34

A Associação de Diplomatas recebeu com “completa surpresa” e “estranheza” a notícia de que António Sampaio da Nóvoa seria o escolhido do Governo para o cargo de embaixador de Portugal junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Num comunicado enviado ao jornal Expresso, a associação pediu ao Executivo que considere.

Os representantes dos diplomatas temerão que seja posto em causa o valor da diplomacia portuguesa através da nomeação de um embaixador político. Consideram que não existe uma situação de exceção que justifique a escolha, sendo que defendem que a representação da República Portuguesa em embaixadas, missões permanentes e postos consulares, assente “no exercício profissional do ofício diplomático”, aprendido e treinado durante uma vida “dedicada ao serviço público”.

Na sexta-feira, o jornal Público noticiou que o ministro dos Negócios Estrangeiros teria escolhido Sampaio da Nóvoa para embaixador de Portugal junto da UNESCO por este ser, entre outras razões, uma “autoridade internacionalmente reconhecida” na Educação.

“Portugal foi eleito no passado mês de novembro para o conselho executivo da UNESCO e, para o Governo, isso tem como consequência óbvia a reabertura da nossa representação permanente na UNESCO”, explicou posteriormente Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.

Para Augusto Santos Silva, o convite do Governo ao professor António Sampaio da Nóvoa assentou em “três razões essenciais”.

“A primeira é que o professor é uma autoridade internacionalmente reconhecida nos domínios da Educação, quer do ponto de vista analítico (da história da Educação) como do ponto de vista técnico, no apoio às politicas públicas na Educação. Portanto é uma autoridade internacional numa das áreas fundamentais na missão da UNESCO”, salientou o chefe da diplomacia portuguesa.

A segunda razão, acrescentou, é que o Executivo entende que Sampaio da Nóvoa “combina a sua experiência como académico e perito nas áreas da Educação e da Ciência” com uma experiência “não menos relevante de gestão e direção em instituições culturais, científicas e académicas”, nomeadamente como reitor durante vários mandatos reitor da Universidade de Lisboa.

A terceira razão é que o conhecimento que Sampaio da Nóvoa tem da própria atividade da UNESCO, organização para a qual tem trabalhado como perito, recordou.

“Estas três razões levaram-nos a convidá-lo para assumir as funções de representante permanente. Com muito agrado nosso, ele aceitou o nosso convite”, disse Santos Silva, sublinhando que “está em curso o seu processo de nomeação”.

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