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Venezuela decreta emergência alimentar. 80% da população passa fome

O anúncio foi feito depois de no início do ano passado, a Assembleia Nacional da Venezuela ter também declarado ‘crise humanitária’ na saúde dada a falta generalizada de medicamentos e material hospitalar.
Carlos Garcia Rawlins/REUTERS
15 Março 2017, 11h48

A Assembleia Nacional da Venezuela, composta maioritariamente pelos partidos da oposição, declarou na terça-feira o estado de emergência alimentar no país. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU) vão receber uma cópia do decreto aprovado para alertar para o problema da fome que assola mais de 80% da população, num país onde a inflação ultrapassa os 700% e o nível de escassez de matéria-prima chega aos 90%.

A declaração foi aprovada numa sessão do parlamento, onde não estiveram presentes os deputados membros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), liderado pelo presidente venezuelano, Nicólas Maduro. No documento pode ler-se: “A Assembleia Nacional declara a existência de uma crise humanitária alimentar. Concordamos em requerer a todos os órgãos do poder público que adotem medidas urgentes para combater a fome que assola o povo”.

De acordo com o deputado Carlos Paparoni, do Estado de Mérida, no oeste da Venezuela, desde o início do ano, 27 crianças morreram devido à fome. O deputado dá conta de que mais de metade das crianças do país sofre de desnutrição e três milhões de venezuelanos procuram diariamente alimentos nos contentores de lixo por já não terem mais nada para comer. Estima-se que mais de 80% da população passe fome.

Também no início do ano passado, a Assembleia Nacional declarou ‘crise humanitária’ na saúde dada a falta generalizada de medicamentos e material hospitalar.

À escassez de alimentos e medicamentos vem somar-se a taxa de hiperinflação, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para que atinja os 1.660% no final deste ano, se o Governo não tomar medidas urgentes. O clima de insegurança tem também aumentado no país, com um número crescente de “crimes por fome”.

No entanto, Nicólas Maduro contradiz as informações avançadas pelo órgão legislativo venezuelano e assegura que em 2016 a pobreza no país baixou de 19,7% para 18,3% e o indicador de miséria diminuiu de 4,9% para 4,4%.

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